14 PMs da Rota vão a júri em SP acusados de executar dois suspeitos desarmados com 16 tiros
Justiça torna 14 PMs da Rota réus por execução de dois suspeitos em 2015 em SP
A Justiça de São Paulo marcou para a manhã desta segunda-feira (22) o julgamento de 14 policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), tropa de elite da Polícia Militar (PM) do estado, acusados de executar a tiros dois suspeitos desarmados em 6 de agosto de 2015, em São Paulo.
O Ministério Público (MP) ainda acusa os agentes de terem forjado o local do crime para parecer um confronto e justificar o que fizeram. Os PMs sempre alegaram inocência. Todos respondem em liberdade_ alguns deles estão aposentados atualmente (saiba mais abaixo).
O julgamento está marcado para começar às 9h30 na 5ª Vara do júri do Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. A juíza Maria Gabriela Riscali Tojeira deverá presidir o júri popular e dar a sentença a partir da decisão da maioria dos jurados, se condenarão ou absolvirão os réus.
Os agentes da PM são acusados por homicídio doloso (quando há a intenção de matar) e fraude processual (modificar um local de crime). Segundo o Ministério Público, eles assassinaram a tiros Hebert Lúcio Rodrigues Pessoa e Weberson dos Santos Oliveira.
De acordo com o Ministério Público, as vítimas não se conheciam. Em comum, elas tinham histórico de antecedentes criminais.
Os PMs haviam dito em seus interrogatórios à Polícia Civil, que investigou o caso, que perseguiam um suposto carro roubado, com três ocupantes e que houve troca de tiros.
Hebert foi abordado pela Rota em Guarulhos, na Grande São Paulo, e depois foi levado a Pirituba, Zona Norte da capital paulista, onde foi executado pelos agentes. No mesmo lugar, Weberson também foi morto pela PM. Os dois levaram 16 tiros.
MP denuncia execução
Imagens exclusivas obtidas pelo SPTV reforçam suspeitas contra Rota
Ainda segundo o MP, depois os PMs ‘plantaram’ armas nas mãos das vítimas para simular um confronto que não ocorreu. O objetivo dos agentes, segundo a acusação, era justificar uma falsa alegação de que eles atiraram nos suspeitos para se defender.
Uma câmera de segurança gravou o momento em que o veículo onde estariam as vítimas é seguido por uma viatura da Rota (veja vídeos nesta reportagem). As imagens foram obtidas à época pela TV Globo e acabaram analisadas pela investigação.
Segundo o MP, as filmagens reforçaram as suspeitas contra os policiais de que eles executaram os dois rapazes. Uma testemunha ouvida pela Corregedoria da corporação também contestou a versão de legítima defesa dada pelos PMs.
Defesa de PMs alega inocência
Catorze policiais da Rota são presos por morte de dois homens em Pirituba (SP)
O g1 não conseguiu localizar as defesas dos 14 policiais para comentar o assunto. Em outras ocasiões, os advogados Mauro Ribas e Renato Soares do Nascimento disseram que seus clientes são inocentes das acusações e atiraram para se defender de criminosos armados.
“A posição da defesa é de que os policiais militares são inocentes. Eles agiram em legítima defesa”, falou o advogado Mauro Ribas, em 2024.
Os PMs réus são:
Luis Gustavo Lopes de Oliveira;
Erlon Garcez Neves;
Renato da Silva Pires;
Moisés Araújo Conceição;
Luis Fernando Pereira Slywezuk;
Emerson Bernardes Heleno;
Tiago Belli;
Marcelo Antonio Liguori;
Elias Sérgio da Câmara;
Eduardo de Oliveira Rodrigues;
Leandro Augusto de Souza;
Marcos Gomes de Oliveira;
Arthur Marques Maia;
e Tiago Santana Oliveira.
“Nós temos a plena consciência de que os policiais são inocentes. Todas as vítimas aí… com envolvimento na criminalidade. Foram pegas armas com eles”, disse o advogado Renato Nascimento, no ano passado.
Agentes chegaram a ser presos
Policiais da Rota suspeitos de execução em Pirituba são soltos
Segundo a versão dos agentes da Rota, Hebert, Weberson e outro comparsa não identificado fugiram e foram perseguidos. Para impedir a aproximação da PM, o trio atirou nas viaturas, de acordo com os policiais.
Os PMs então reagiram e atiraram nos dois homens, enquanto um terceiro criminoso fugiu. Nenhum dos agentes foi baleado.
Os policias, que já chegaram a ser detidos em 2015 durante a investigação, foram soltos naquele mesmo ano e desde então respondem aos crimes em liberdade.
Em 2018, a Corregedoria da PM chegou a informar que os 14 agentes estavam temporariamente afastados do serviço operacional. Depois eles teriam voltado a trabalhar normalmente. O órgão acompanha o trâmite judicial e, caso os agentes sejam condenados, responderão a procedimento interno que poderá acarretar na demissão deles.
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