Análise: O Banco Central Deveria Intervir no Dólar a R$ 6?
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A taxa de câmbio é um dos indicadores mais importantes das expectativas dos agentes econômicos. Dólar em alta indica desconfiança com relação à sustentabilidade da economia brasileira, principalmente das contas públicas. Na quinta-feira (28) o dólar fechou a R$ 5,99, alta de 1,30% em relação à véspera. Durante a manhã as cotações superaram o “nível psicológico” de R$ 6,00 pela primeira vez desde o Plano Real.
A alta do câmbio deveu-se ao desagrado do mercado com as medidas anunciadas de manhã pelo Ministério da Fazenda. Especialmente a proposta de isentar de imposto de renda os trabalhadores assalariados com renda até R$ 5 mil, anunciada na noite da quarta-feira (27) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Atualmente, o limite de isenção é de R$ 2,26 mil.
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“O foco do time econômico continua na ampliação da arrecadação via taxação. Contudo, há implicações relevantes a considerar, como o impacto na dinâmica de capitais, que é sensível à competitividade tributária. Cenários desfavoráveis podem redirecionar o apetite dos investidores para outras moedas e mercados com menor carga tributária”, argumenta Diego Costa, diretor da B&T Câmbio.
“O governo tem uma dificuldade imensa em adotar políticas não populares, que cortem gastos sem que exista uma contrapartida”, diz Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. Para ele, o anúncio mostrou falta de compromisso com a situação fiscal.
A depreciação do real ocorreu sem intervenções do Banco Central (BC) no mercado de câmbio. A autoridade monetária só está realizando leilões de linha que já estavam agendados e previstos, nada excepcional. Intervenções extraordinárias costumam ocorrer em momentos de turbulência no mercado. Apesar de o dólar ser flutuante – ou seja, o BC não tem a obrigação de defender uma determinada taxa de câmbio – a autoridade monetária costuma intervir para atenuar a volatilidade em momentos específicos.
Isso não está acontecendo. Os profissionais de mercado percebem uma alteração na forma de o BC atuar. “Em momentos onde há falta de liquidez o BC deve zelar pela moeda e realizar leilões de dólar, à vista na forma de derivativos cambiais, para equilibrar o mercado”, diz Matheus Massote, especialista em câmbio da corretora One. “Desde o início de 2022 o BC está muito menos intervencionista do que no período anterior”, afirma ele. “A primeira intervenção desde que o novo governo tomou posse só ocorreu em abril de 2024 e a seguinte foi realizada em agosto, mas essa intervenção surtiu pouco efeito.”
Segundo Massote, esse perfil de intervenção sugere que o BC está mais cauteloso e não tem realizado leilões excepcionais em dias de alta volatilidade. “O BC parece estar preferindo aguardar para analisar os efeitos das notícias e decidir sobre atuar ou não no mercado.”
Deixar o dólar flutuar pode afetar variáveis relevantes da economia, como a balança comercial. Avallone afirma que o dólar mais caro prejudica diversas cadeias de produção. “O Brasil exporta muito petróleo bruto, mas também importa o mesmo produto refinado, como diesel e outros combustíveis”. A depreciação do real aumenta o peso do frete nos orçamentos.
Além disso, a apreciação do câmbio tende a piorar as expectativas, especialmente a de inflação. Na quinta-feira a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou o IGP-M de novembro, mostrando uma variação de 1,52% na inflação. O resultado ficou levemente abaixo do 1,64% de outubro, mas superou a mediana das expectativas do mercado, que era de 1,34%. Nos últimos meses, a alta dos índices gerais vem ocorrendo principalmente pelo avanço dos preços no atacado, e de commodities como soja em grão e minério de ferro. As cotações desses itens dependem do mercado internacional, e seu custo interno é afetado pela taxa de câmbio.
Não por acaso, Alan Blinder, que foi vice-presidente do FED durante a gestão de Alan Greenspan, escreveu em seu livro, “Bancos centrais, teoria e prática” (Editora 34, São Paulo, 2003), que uma das principais funções do banqueiro central é gerir as expectativas dos agentes de mercado, de modo a facilitar a política monetária e aumentar sua eficiência.
Procurado, o Banco Central não respondeu quais os critérios para realizar os leilões extraordinários.
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