Ataque de Israel Ao Irã Mexe com os Investimentos? Petróleo Dispara, Mas Ainda É Cedo para Dizer
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Desde que a guerra entre Israel e Gaza se intensificou, os temores de uma escalada no conflito nunca foram abandonados. A região possui grande importância geopolítica-econômica, podendo ter efeitos transformadores na economia mundial — com grande impacto nos preços de energia e nas projeções de inflação global — além das inevitáveis perdas humanas que acompanham um conflito armado.
Na noite de ontem (12), Israel realizou uma série de ataques aéreos contra o Irã, tendo como alvo instalações nucleares (Natanz) e centros científicos do programa atômico, além de instalações militares e de infraestrutura balística. Dentre as mortes confirmadas está a do chefe da Guarda Revolucionária Islâmica, Hossein Salami.
Enquanto Israel decreta estado de emergência e reforça que a operação irá durar diversos dias, o Irã se diz preparado para retaliar — tendo feito mais de 100 lançamentos de drones em direção à Israel.
A retaliação imediata e a perspectiva de que o conflito se prolongue leva tensão ao mercado internacional — principalmente no que diz respeito ao acordo nuclear, que tinha negociações marcadas para o próximo domingo
Pressão nos preços de energia
Nesta manhã, o barril do petróleo WTI, utilizado como referência global, chegou a subir mais de 9%, a US$ 74,13 — maior alta diária desde maio de 2020. Na Europa, o preço do gás na União Europeia (UE) atingiu o nível mais alto desde abril — pelo temor de que a passagem de GNL do Qatar pelo Estreito de Ormuz possa ser prejudicado.
Àlex Fusté, economista-chefe do private bank Andbank, aponta que um dos maiores temores é que o Irã internacionalize o conflito fechando o estreito, afetando 20% do comércio de petróleo bruto global e levando a um acréscimo de até US$ 20 no preço do barril.
“Um aumento sustentado nos preços do petróleo aumentaria a pressão sobre os mercados (por meio dos custos de energia para as empresas) e tornaria muito mais complexas as políticas monetárias globais, dificultando as decisões dos bancos centrais”, explica o economista.
Em resumo: a inflação seria pressionada em um momento de forte dúvida sobre o potencial do crescimento global, o que pode alterar as teses de investimento para o curto, médio e longo prazo — mas ainda é cedo para dizer com certeza os rumos dos acontecimentos.
Para Fusté, o episódio não se assemelha ao choque gerado pela guerra da Rússia e Ucrânia. Na época, o governo de Joe Biden liberou parte de suas reservas estratégicas para equilibrar a oferta global e moderar os preços — o que não deve ocorrer agora.
“Permanecem sérias dúvidas sobre a disposição do presidente Trump, ou mesmo sua capacidade operacional, de repetir uma manobra semelhante na atual conjuntura”, aponta Fusté. “As reservas estratégicas dos EUA estão em níveis historicamente baixos, limitando significativamente a margem de manobra de Washington no caso de um salto prolongado nos preços da energia resultante de interrupções prolongadas no fornecimento”.
Caso o pior cenário se materialize, a União Europeia e Japão, altamente dependentes da importação de energia, podem ficar mais vulneráveis à volatilidade dos preços internacionais do petróleo.
E no Brasil?
No Brasil, os olhares se voltam para a Petrobras. Com a alta do preço do barril de petróleo, a expectativa é que a companhia repasse esse valor na venda de derivados e aumente os seus níveis de receita para além do esperado. Caso a alta do petróleo se prolongue, a expectativa por dividendos extraordinários mais gordos também deve crescer.
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