‘Clubismo’ do Brasileiro na Hora de Investir É Maior Desafio do Citi para Crescer no País
Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Pode-se dizer que o latino-americano é um “clubista” por natureza. Por mais que os países compartilhem um passado colonial comum — seja pelas mãos dos espanhóis ou dos portugueses —, a rivalidade na região é grande. Não importa o tema: culinária, música ou futebol, o clubismo sempre é forte.
O brasileiro tem ainda um “clubismo” muito particular. Ao contrário do que acontece nos vizinhos, o investidor tupiniquim gosta mesmo de deixar o dinheiro dentro de casa — não mais embaixo do colchão, mas alocado apenas em ativos locais. E não importa o tamanho da conta bancária.
Em entrevista à Forbes Brasil, Antonio Gonzales, chefe para a América Latina do Private Bank do Citi, apontou que a preferência “caseira” dos investidores brasileiros é hoje um dos maiores desafios do banco no país — já que, desde 2017, a instituição do private bank realiza apenas operações offshore para clientes com patrimônio superior a US$ 25 milhões (R$ 142,5 milhões).
O “clubismo” brasileiro faz com que o México acabe sendo o maior mercado endereçável da região. “Em nossa estimativa, em média, o brasileiro ainda tem 70% dos recursos investidos aqui. Diferente do mexicano, que tem 70% dos recursos dolarizados”, aponta Gonzales.
Não por acaso, os bancos brasileiros de grande porte são hoje alguns dos principais concorrentes de instituições internacionais centenárias e com amplo histórico nos Estados Unidos e Europa quando o assunto é gestão de fortunas.
Com presença física em mais de 90 mercados e 213 anos de história, o Citi é um dos nomes mais reconhecidos do mercado financeiro global. No Brasil, o banco americano atua há 110 anos — 37 deles com o seu private bank.
A predileção pelos ativos brasileiros é um desafio, principalmente em momentos de forte turbulência global como o atual, mas não uma barreira intransponível. Gonzales vê um mercado em mutação — se antes investimentos offshore eram vistos com certa suspeita, hoje são uma estratégia consolidada de diversificação.
“A popularização do investimento no exterior tem que ser vista com bons olhos. Não estamos tirando recursos daqui de forma alguma”, explica. “Quando falamos com o nosso cliente, não dizemos que ele tem que sair do Brasil porque não faz sentido investir aqui. Falamos em diversificar. O Brasil é super atrativo, mas o brasileiro está muito investido aqui”.
Confira detalhes sobre os planos e estratégias do private bank do Citi na região abaixo.
Forbes: O que faz do investidor brasileiro diferente do restante da América Latina?
Gonzales: A economia mexicana é muito dependente da economia americana por uma série de motivos: são países adjacentes, o peso mexicano é uma moeda conversível… A correlação é grande entre as duas economias. Quando olhamos para o nosso mercado potencial, que é o foco do Citi, o México é o maior país da região, seguido do Brasil.
O brasileiro tem um home bias muito grande. Em nossa estimativa, em média, o brasileiro ainda tem 70% dos recursos investidos aqui. Diferente do mexicano, que tem 70% dos recursos dolarizados.
Quando a gente olha para uma família de ultra high net worth no México, na Argentina, no Chile, na Colômbia, no Peru, essas famílias possuem maior diversificação que os brasileiros.
Isso acontece porque o Brasil tem um mercado de capitais muito desenvolvido e o investidor se sente confortável e confiante em investir não só na economia brasileira, mas nos ativos financeiros também. Além disso, ainda há uma taxa de juros bastante atrativa.
Na minha opinião, e de parte da indústria também, o brasileiro diversifica menos do que deveria. Quando falamos de uma família com grande patrimônio, ela deveria pensar em uma moeda forte, globalmente, por uma série de motivos.
Esse é o maior desafio de vocês no Brasil?
Sem dúvida. Mudou muito de uns cinco anos para cá, talvez até com uma popularização do investimento no exterior – e isso tem que ser visto com bons olhos.
Não estamos tirando recursos daqui de forma alguma. Quando falamos com o nosso cliente, não dizemos que ele tem que sair do Brasil porque não faz sentido investir aqui. Falamos em diversificar. O Brasil é super atrativo, mas o brasileiro está muito investido aqui.
Tem uma questão de educação financeira, desde o investidor menor até o bilionário. Todos estão muito concentrados aqui. Nossa missão é ajudar essas famílias a diversificarem e preservarem o patrimônio globalmente.
Não é uma educação financeira básica, porque, do ponto de vista básico, essas famílias já estão supridas, mas é uma educação financeira sofisticada para que esses patrimônios sejam perpetuados.
As famílias que atendemos são globais, com membros no mundo todo. Não vejo outro banco no mundo hoje que consiga atender esses clientes assim como nós. Acho que é notório que o Citi é o banco mais global de Wall Street, e essa é uma das nossas fortalezas.
Quando ajudamos os nossos clientes a diversificarem, não estamos falando só dos Estados Unidos, é do mundo inteiro.
Como convencer sobre a necessidade de uma moeda forte em um momento de turbulência global em que você coloca em xeque até mesmo a força dessas moedas?
O que falamos para os nossos clientes é sempre sobre traçar um plano de longo prazo e ser disciplinado. Tem uma frase dita pelo Warren Buffett que diz o seguinte: o mercado financeiro é um mecanismo extremamente eficiente de transferir riqueza do impaciente para o paciente. Então, a impaciência cresce com a incerteza. Quando você tem crise, incerteza, impaciência e decisões erradas.
Não é fácil para aquele cliente que ainda não tomou uma decisão decidir em um momento como este. Mas é tão importante quanto. Porque não tomar uma decisão é tão perigoso quanto tomar uma decisão, se você não estiver posicionado da forma correta.
Então, o que dizemos aos clientes é: qual o seu objetivo de longo prazo na sua carteira? Qual a sua tolerância ao risco nesse período? Se você estiver desalinhado com relação a isso, estará tomando uma decisão que pode te custar muito caro lá na frente. É planejamento e disciplina. É uma conversa difícil, mas importantíssima.
Temos dito que agora não é a hora de adicionar risco, já que estamos vendo muita incerteza do ponto de vista de políticas comerciais e geopolíticas. Ainda não temos dados suficientes para conseguir planejar da maneira correta. Nosso conselho para os clientes é: fique próximo daquilo que você vê como a sua alocação de longo prazo. Agora não é hora de tomar decisão.
Tem gente que entende isso como uma mensagem para tirar o risco da mesa, mas não é isso — só não é hora de aumentar a exposição do portfólio.
Você sente que há resistência de investidores da América Latina na alocação em países emergentes?
De brasileiros, sim. Mas é natural. Somos um país emergente e conhecemos o nosso país. O brasileiro de ultra high net worth conhece os empresários. Ele acredita que sabe onde pode colocar o dinheiro dele com mais tranquilidade. Isso não acontece em outros mercados emergentes. Então, o brasileiro tem um pouco de dificuldade. Até porque, quando você sai do Brasil para outro emergente, é bem provável que seja um país menor que o seu. É um aumento de risco considerável.
Agora, quando você fala com pessoas de outros lugares da América Latina, elas adoram falar do Brasil. Acho que somos um país excepcional, que tem um monte de coisa para melhorar, mas com muita coisa boa. E eles veem isso melhor do que a gente. Eles fazem uma análise um pouco mais distanciada e falam: “Poxa, esse é o país com a maior economia da América Latina, com o mercado de capitais mais desenvolvido.” Quando olhamos o número de bilionários, o Brasil cresce todos os anos.
Qual é o grande objetivo do Citi no Brasil e na América Latina?
Falando não apenas de private banking, o Citi é um banco muito forte com as empresas da região. Então, se você tem um negócio que tem qualquer tipo de atividade cross-border, há grandes chances de você já ser nosso cliente.
A nossa missão aqui é ajudar essas companhias que estão se desenvolvendo na região — e, por consequência, os empresários que são donos delas — a terem acesso ao mundo e entenderem o que está acontecendo lá fora. Essa é a missão principal. A gente quer ajudar essas empresas a se desenvolverem aqui e, mais do que isso, a terem acesso a tudo o que está acontecendo fora do país de origem delas.
Quando falamos do acionista, queremos que sua família possa se desenvolver e se planejar financeiramente da maneira correta em qualquer lugar do mundo.
Quero ser o principal banco para os meus clientes quando falamos de offshore. Sabemos o que precisa ser feito para chegar lá. Conseguimos atender esse cliente na empresa dele, na vida pessoal, no planejamento financeiro e de riqueza, até o planejamento sucessório.
Hoje vocês possuem atuação local do private bank no México e no Brasil. Há planos de expansão?
Não, porque o nosso foco é o offshore. Então, por conta disso, hoje achamos que essas são as duas economias com potencial, e faz sentido estarmos.
O post 'Clubismo' do Brasileiro na Hora de Investir É Maior Desafio do Citi para Crescer no País apareceu primeiro em Forbes Brasil.
#Clubismo #Brasileiro #Hora #Investir #Maior #Desafio #Citi #para #Crescer #País
Observação da postagem
Nosso site faz a postagem de parte do artigo original retirado do feed de notícias do site forbe Brasil
O feed de notícias da Forbes Brasil apresenta as últimas atualizações sobre finanças, investimentos e tendências econômicas. Com análises detalhadas e insights de especialistas, a plataforma aborda tópicos relevantes como mercado de ações, criptomoedas, e inovação em negócios. Além disso, destaca histórias de empreendedores e empresas que estão moldando o futuro da economia. A Forbes também oferece dicas sobre gestão financeira e estratégias para aumentar a riqueza pessoal. Com um enfoque em informações precisas e relevantes, o site se torna uma fonte confiável para quem busca se manter atualizado no mundo financeiro.
Palavras chaves
‘Clubismo’ do Brasileiro na Hora de Investir É Maior Desafio do Citi para Crescer no País
Notícias de finanças
Mercado financeiro hoje
Análise de mercado de ações
Investimentos em 2024
Previsão econômica 2024
Tendências do mercado de ações
Notícias sobre economia global
Como investir na bolsa de valores
Últimas notícias financeiras
Mercado de ações ao vivo
Notícias de economia mundial
Análise de investimentos
Dicas para investir em ações
Previsão de crescimento econômico
Como começar a investir
Análises financeiras atualizadas
Mercado de criptomoedas hoje
Previsão de recessão econômica
Finanças pessoais e investimentos
Notícias sobre bancos e finanças