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Como o Envelhecimento Populacional Global Está Redefinindo a Economia?

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A humanidade nunca viveu tanto. Nos últimos 70 anos, a expectativa de vida aumentou em quase todos os países. O Brasil não é exceção. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o esperado para o país em 1990 era 68,4 anos. Dados do último censo mostram uma expectativa de 76,4 anos.

Com a transição demográfica — processo de mudança nos padrões de natalidade e mortalidade — avançando nos países ricos e batendo à porta das nações em desenvolvimento, o envelhecimento populacional está moldando não apenas políticas públicas, mas também estratégias de investimentos.

No Brasil, as consequências dessa transição já acontecem. A população de crianças de até 14 anos caiu de 27,4% para 19,8% em vinte anos. No mesmo período, a parcela de brasileiros com 65 anos ou mais subiu de 5,9% para 10,9%. A projeção é que uma em cada quatro pessoas tenha mais de 60 anos até 2040.

A queda na natalidade e aumento da longevidade implica em mais gastos com cuidados médicos, menor força de trabalho jovem e pressões sobre os sistemas previdenciários. Os setores ligados à educação básica tendem a perder investimentos e alocação de recursos públicos, já que a nova fase deve provocar um redirecionamento orçamentário para a saúde e previdência.

A aposentadoria pública também continuará ainda mais pressionada. Segundo o Balanço do Setor Público Nacional (BSPN) de 2025, divulgado em junho, as despesas com Previdência Social representaram 12% do PIB em 2024 e a expectativa é que elas cresçam ainda mais. O que elevará consideravelmente as despesas do governo com previdências e pensões.

Lucro prolongado

Apesar dos desafios, a longevidade abre caminho para novas oportunidades de investimentos — especialmente em setores como saúde, seguros e gestão de patrimônio.

Traduzindo na Bolsa brasileira, empresas como Hapvida (HAPV3), Dasa (DASA3), Fleury (FLRY3) e Rede D’Or (RDOR3) já se beneficiam com a crescente demanda por serviços médicos. No segmento farmacêutico, Hypera (HYPE3) lidera entre as listadas.

Outro nicho que tende a levar vantagem é o de gestão patrimonial. Com aposentadorias públicas sob pressão, cresce os segmentos de previdência privada, fundos de pensão e produtos financeiros voltados ao longo prazo.

Por outro lado, Alexandra Ralli, analista de ações do banco suíço aponta que o setor de consumo continua sendo uma área difícil para investimentos ligados ao tema da longevidade, já que o orçamento dos idosos tende a diminuir com o passar dos anos. “A exceção está no enfoque em saúde e bem-estar para melhorar a qualidade de vida, como cuidados com a visão e suplementos alimentares”, diz a especialista.

Segundo estudo exclusivo do banco suíço Lombard Odier, os setores mais promissores incluem:

  • Farmacêuticas: empresas focadas em doenças crônicas como cânceres e doenças cardiovasculares, além das que oferecem tratamentos acessíveis e prevenção da obesidade e doenças neurodegenerativas;
  • Empresas de dispositivos médicos: produtos para doenças cardiovasculares e diabetes, e o segmento de imagem devido à necessidade de diagnósticos;
  • Saúde e bem-estar: alternativas que melhoram a qualidade de vida, como aparelhos auditivos e suplementos alimentares;
  • Seguros de vida e saúde: a demanda por serviços de saúde suplementares está crescendo, beneficiando seguradoras. Porém, elas enfrentam desafios, como a inflação médica esperada em 6,8% nos EUA em 2025, a explosão dos custos de saúde mental — potencial de US$ 14 trilhões (R$ 77,10 trilhões) adicionais globalmente até 2040 —, e os custos da doença de Alzheimer, que somaram US$ 321 bilhões (R$ 1,7 trilhões) em 2022;
  • Gestão de riquezas: a transferência de risco de pensão (PRT) para seguradoras, por exemplo, deve ultrapassar US$ 100 bilhões (R$ 550 bilhões) anualmente nos EUA nos próximos cinco anos.

Economia prateada

A chamada “economia prateada”, já movimenta mais de US$ 17 trilhões (R$ 93,62 trilhões) globalmente. Segundo Celso Damadi, CFO da Porto, o foco dos indivíduos não é apenas viver mais, mas viver melhor – com autonomia, saúde e bem-estar. Isso altera o padrão tradicional de consumo para uma lógica voltada ao investimento em qualidade de vida e proteção financeira de longo prazo.

Nos Estados Unidos, por exemplo, um aposentado de 65 anos deve gastar US$ 172 mil (R$ 947 mil) com saúde durante a aposentadoria, de acordo com estimativa da consultoria Fidelity Investments. O país também é líder em gastos de saúde entre as nações desenvolvidas — 17,6% do PIB, ante uma média de 11,2%. Em termos per capita, os EUA desembolsam US$ 12.555,00 (R$ 69,137 mil) por habitante — o dobro da média de US$ 6.651,00 (R$ 36,625 mil) de outros países ricos membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

O relatório Rethink Longevity do Banco Suiço aponta que a principal razão para o gasto é o preço elevado dos serviços de saúde no país. Os preços dos medicamentos nos EUA são, em geral, 2,6 vezes mais altos do que em outras nações para o mesmo produto.

Mesmo assim, o grande investimento não tem se traduzido em melhores resultados. Em 1980, a expectativa de vida ao nascer nos Estados Unidos (74,5 anos) era semelhante à dos países desenvolvidos comparáveis. De acordo com o estudo da Lombard Odier, ao longo das décadas seguintes, a expectativa de vida continuou a crescer em todos os países, porém em ritmo mais lento nos EUA.

Em 2023, a expectativa de vida média nos EUA era de 78,4 anos, quatro anos abaixo da média de países comparáveis, como Áustria e Suécia. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a China atingiu 78 anos no mesmo ano.

Para Ralli, o motivo da piora na estatística está nas taxas de mortes prematuras nos Estados Unidos, com óbitos antes dos 70 anos. Em 2021, a mortalidade precoce nos EUA foi quase o dobro da média dos países comparáveis. As mortes estão ligadas a doenças cardiovasculares e doenças crônicas. O índice de mortalidade por diabetes nos EUA é 2,5 vezes maior do que em países equivalentes; por doença hepática, 1,6 vezes maior; e por doença renal, 3,8 vezes maior.

Outro fator contribuinte é a alta taxa de obesidade, que atinge 42,9% da população adulta, em contraste com a média de 19,4% de outros países desenvolvidos. Entre os países com maiores índices de obesidade após os EUA estão Austrália, Reino Unido e Canadá (entre 32% e 27%), enquanto no outro extremo estão França, China e Japão, com taxas bem menores (entre 5% e 11%). “Esse contraste acentuado evidencia o desafio único enfrentado pelos Estados Unidos em relação aos hábitos alimentares, estilo de vida e fatores socioeconômicos”, explica Alexandra Ralli.

Enquanto isso, a China se aproxima dos EUA em expectativa de vida. A “Iniciativa China Saudável 2019-2030” foca na prevenção da poluição e na promoção de uma dieta saudável, com metas para reduzir o consumo de sal, óleo e açúcar.

Embora o país asiático também enfrente desafios — como o aumento de 46% nas mortes prematuras entre 2000 e 2021, relacionado à poluição e urbanização acelerada —, sua política de saúde tem avançado, incluindo a desregulamentação de preços. Isso facilita o acesso a tratamentos e medicamentos estrangeiros, com políticas de compra por volume visando reduzir preços e aumentar a acessibilidade.

Mais mudanças?

Além disso, tarifas sobre importações farmacêuticas e de suplementos alimentares já estão sendo implementadas nos EUA, encerrando isenções que estavam em vigor desde 1994. O objetivo é diminuir a dependência da China e Índia, que respondem por mais de 90% dos remédios genéricos consumidos nos Estados Unidos, e incentivar a produção nacional.

Essas mudanças geram consequências sobre a população mais velha que, geralmente, vive de renda fixa. Para idosos com mais de 75 anos, cuidados médicos são a segunda maior despesa anual. Com o aumento dos custos, a pressão inflacionária tende a restringir ainda mais o orçamento.

No caso dos suplementos, mais de 78% das vitaminas importadas vêm da China. Embora a indústria tenha conseguido excluir algumas substâncias das tarifas, muitos alimentos e plantas seguem taxados, encarecendo os produtos.

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