Como uma Empresa Transformou Protetores de Ouvido em Algo “Cool” com a Ajuda da Geração Z
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No caminho de volta do almoço no Distrito Financeiro de Nova York, o cofundador e CEO da Loop, Dimitri O, avista alguns pedestres usando os protetores auriculares de sua marca. Do outro lado da cidade, seu cofundador, Maarten Bodewes, se distrai da mesma forma observando visitantes no Museu de Arte Moderna.
Se a dupla tivesse saído de Manhattan naquela noite, provavelmente teria visto ainda mais clientes da Loop usando uma variedade de cores e estilos em uma boate no Brooklyn. Nada disso surpreende os dois empreendedores, cuja startup, sediada na Bélgica, faturou US$ 220 milhões (R$ 1,18 bilhão) no último ano.
Desde sua fundação na Antuérpia, em 2016, a Loop se tornou uma marca líder e muito imitada de protetores auriculares, acumulando colaborações com o Coachella, a McLaren e a Swarovski. Quando Bodewes e O, amigos de infância unidos pelo amor por festivais de música e motocicletas, começaram a sofrer de zumbido no ouvido no fim dos vinte anos, perceberam que havia uma lacuna no mercado para protetores acessíveis, mas com estilo.
Um par de protetores Loop, que se parece com fones de ouvido modernos, custa entre US$ 24 e US$ 64 (R$ 128,88 a R$ 343,68) e é feito para três situações diferentes: eventos barulhentos, concentração e noite de sono tranquila.
Eles funcionam de maneira semelhante aos AirPods da Apple, que permitem alternar entre modos transparente, adaptativo e com cancelamento de ruído. A Loop conquistou inicialmente os frequentadores de shows, mas seu sucesso atual vem de uma estratégia voltada aos países de língua inglesa ao reposicionar a marca de “proteja seus ouvidos com estilo” para “sua vida, seu volume”, explica O.
A Loop era vendida quase exclusivamente diretamente ao consumidor até este mês, quando a marca foi lançada em 600 lojas da Target nos Estados Unidos. Essa expansão para o varejo físico veio após anos de fortalecimento da estratégia online o país.
Neste ano, a Loop planeja investir mais de US$ 80 milhões (R$ 429,6 milhões) em publicidade, cerca de 35% de sua receita total do ano anterior. Apesar do gasto elevado em marketing, a empresa é lucrativa, já que a produção e o envio dos protetores têm baixo custo.
Estratégia
Os anúncios online da Loop miram diferentes tipos de consumidores, de passageiros sensíveis ao ruído até pessoas com sono leve. Embora O e Bodewes, ambos de 40 anos, tenham crescido falando francês e holandês, a marca não utiliza esses idiomas em suas campanhas.
A decisão de se concentrar deliberadamente em regiões de língua inglesa deu resultado. Neste ano, o Coachella procurou a empresa para criar protetores personalizados para o festival de música anual da Califórnia. Enquanto isso, o piloto britânico de Fórmula 1 Lando Norris, principal corredor da McLaren, está no centro das campanhas publicitárias da Loop. A Bélgica representa menos de 2% da receita, e a maior parte das vendas da empresa, depois dos EUA, vem do Reino Unido, Canadá e Austrália, nessa ordem.
“Já vendemos 20 milhões de pares de Loops até hoje, e no começo sempre nos perguntávamos: ‘Que porcentagem da Bélgica isso representa?’”, diz Bodewes. “Temos 11 milhões de habitantes no país. Então, agora precisamos de outro parâmetro para nos comparar.”
Bodewes e O se conheceram aos 13 anos, nos arredores de Bruxelas, e seguiram caminhos acadêmicos distintos, um estudou engenharia comercial, o outro engenharia civil. Mais tarde, O fundou uma startup de energia, enquanto Bodewes foi trabalhar na Microsoft. Depois de mais de uma década de exposição a ruídos intensos em festas e shows, os efeitos começaram a aparecer. “Pessoalmente, ouço um zumbido constante no fundo da mente”, relata O. “O silêncio não existe mais para mim.”
“Começamos a perceber os danos auditivos, mas ainda queríamos sair, andar de moto e aproveitar”, continua ele. “A proteção auditiva era a resposta.”
Após testarem diversos tipos de protetores, desde espumas baratas até modelos personalizados premium que custavam centenas de dólares, concluíram que não havia opção confortável, acessível e, acima de tudo, esteticamente atraente, diz O.
Escalada global
Em 2015, decidiram criar protetores voltados ao uso noturno e em festas. Cada um investiu US$ 40 mil (R$ 214,8 mil) para desenvolver o produto. Utilizaram impressoras 3D para testar diferentes versões e experimentaram combinações de filtros para suavizar e modificar as ondas sonoras.
No ano seguinte, foram aceitos em uma aceleradora de Bruxelas, deixaram seus empregos e passaram dois anos aperfeiçoando o produto antes de buscar investimento para escalar o negócio. Em meados de 2018, levantaram US$ 60 mil (R$ 322,2 mil) com amigos e familiares e venderam 4.500 pares. “Todos diziam: ‘Investir em protetores auriculares? Vocês são loucos? Isso não é empolgante, é uma categoria entediante’”, recorda O.
Em 2019, a Loop aumentou a produção e registrou US$ 1 milhão (R$ 5,37 milhões) em vendas. Isso aconteceu após mudar da impressão 3D, útil para criar protótipos rápidos e baratos, mas difícil de escalar, para produção em massa em um laboratório belga usando moldagem por injeção.
Alguns meses após o início de 2020, as vendas praticamente pararam por causa dos lockdowns da Covid-19. “Em poucas semanas, vimos a receita cair 80%”, lembra O. Na época, a Loop vendia seus produtos online e em lojas como a CVS, com cerca de 50% da receita vinda do varejo. “Naquele momento tomamos duas decisões importantes”, diz O.
Loop já fez colaborações de protetores auriculares com a McLaren, a Swarovski e o festival de música eletrônica Tomorrowland
A primeira foi adaptar os protetores para novos mercados. “Percebemos que muitas pessoas não usavam nossos produtos para proteção, e sim por conforto”, explica. “Conforto que vem do controle sobre o ruído.”
A segunda decisão foi migrar totalmente para o modelo direto ao consumidor. Embora as vendas no varejo tivessem impulsionado a receita em 2019, isso perdeu relevância com a pandemia. A mudança também trouxe outra vantagem: feedback mais rico e direto dos consumidores, obtido com mais facilidade pelas vendas online e avaliações em redes sociais.
Em julho de 2020, a Loop recebeu US$ 1 milhão (R$ 5,37 milhões) da empresa belga de investimentos Akiles, para ajudar na transição ao modelo direto ao consumidor. Poucos meses depois, lançou seu segundo produto, voltado para foco profundo, viagens e sono. A empresa encerrou o ano com US$ 1,2 milhão (R$ 6,44 milhões) em receita. “A partir daí, tudo começou a acontecer muito, muito rápido para nós”, afirma O.
Crescendo
A empresa tornou-se lucrativa em 2021, encerrando o ano com US$ 13 milhões (R$ 69,81 milhões) em receita, após apostar no marketing de influenciadores e reduzir drasticamente os custos de envio, tornando as embalagens pequenas o suficiente para caber em uma caixa de correio.
No ano seguinte, a Loop assinou sua primeira grande parceria, criando modelos personalizados para o festival belga de música eletrônica Tomorrowland, evento que O e Bodewes frequentavam há anos. “Ter o Tomorrowland como parceiro, não apenas como cliente, mas dizendo às pessoas que a festa melhora com nossos produtos, foi uma mensagem extremamente poderosa”, afirma O.
Em 2022, a Loop lançou seu terceiro produto, desenvolvido para facilitar conversas em ambientes barulhentos, e fechou o ano com US$ 47 milhões (R$ 252,39 milhões) em receita. No ano seguinte, quase triplicou esse valor com o lançamento do Switch, que permite alternar entre diferentes modos de uso.
Segundo O, o posicionamento de mercado da Loop foi essencial para impulsionar o crescimento. Embora haja várias imitações baratas na Amazon (onde vêm 50% das vendas da empresa), esses concorrentes não têm conseguido destaque. O desempenho da Loop em 2025 comprova isso: logo após o Coachella procurar a marca para criar uma coleção inspirada no deserto para o festival de verão, O e Bodewes puderam escolher com qual equipe de Fórmula 1 queriam se associar.
“Escolhemos a McLaren de forma deliberada, não foi coincidência”, diz O, sobre a equipe campeã mundial. “Se você olhar para o Lando Norris, por exemplo, ele também é festeiro, então quando usa nossos produtos, isso soa autêntico.”
Com o vento finalmente a favor, O e Bodewes estão prontos para entrar nas grandes redes varejistas. “A marca cresceu a um ponto em que o modelo omnicanal volta a fazer todo sentido”, explica O. A colaboração mais recente da Loop é com a Swarovski, em comemoração aos 130 anos da joalheria: um par de Experience Loops de aço inoxidável, decorado com cristais Swarovski de vários tamanhos, vendido por US$ 120 (R$ 644,4).
Bodewes afirma que o objetivo final é tornar o uso dos Loops “tão natural quanto usar óculos de sol quando o barulho é um pouco demais.”
Enquanto isso, Bodewes e O continuam fazendo do Tomorrowland um ritual anual, embora hoje passem alguns turnos vendendo Loops em seu próprio estande. O conjunto Tomorrowland x Loop tem cor preta iridescente, semelhante a uma mancha de óleo. Mas, quando olham ao redor, os fundadores veem centenas de pares trazidos de casa, em tons de azul, verde, prata e, claro, dourado.
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