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Fundador Bilionário da Lululemon Vence Disputa para Derrubar CEO, Mas Segue Insatisfeito

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Nos fins de semana do período de festas, raramente há espaço para respirar na loja da Lululemon em Dallas, no Texas. Ela é uma das mais movimentadas do shopping de alto padrão da cidade.

Embora as vendas de fim de ano ainda levem algum tempo para serem consolidadas, a receita da varejista deve atingir um recorde de US$ 11 bilhões (R$ 61,49 bilhões) em 2025. No trimestre mais recente, as vendas na América do Norte caíram 2%, mas a receita no exterior avançou 33%, garantindo um crescimento total de 7%.

A Lululemon, portanto, está longe de ser uma marca em decadência. Mas seu controverso fundador bilionário, Chip Wilson, continua a menosprezá-la anos após a sua saída.

Para quem acompanha as críticas frequentes de Wilson, fica claro que as coisas não têm sido tão positivas ultimamente para a icônica marca de ioga e seus acionistas. O valor de mercado da Lululemon atingiu o pico em dezembro de 2023, em US$ 64 bilhões (R$ 357,76 bilhões).

Desde então, a ação despencou 59%, reduzindo a avaliação para US$ 25 bilhões (R$ 139,75 bilhões). Por isso, não foi exatamente uma surpresa quando a empresa anunciou recentemente que seu CEO, Calvin McDonald, deixará o cargo em janeiro, nem que o comunicado — feito junto com fortes resultados trimestrais — ajudou a elevar as ações em 11%.

Conflito

Wilson — cuja participação em ações da Lululemon aumentou US$ 180 milhões (R$ 1,01 bilhão) em valor em apenas um dia, chegando a US$ 2,1 bilhões (R$ 11,74 bilhões) — reagiu com comentários ao mesmo tempo triunfantes e depreciativos. “Depois de supervisionar anos de decisões equivocadas que corroeram a marca e destruíram valor para os acionistas”, escreveu em um comunicado, “ficou claro para mim que apenas sob a minha crescente pressão o conselho de administração da Lululemon finalmente começou a ouvir”.

Com a saída de McDonald, Wilson parece ter conquistado uma vitória importante em sua longa batalha contra a antiga empresa, mas ele não pretende parar por aí. Segundo ele, o conselho ainda não anunciou um plano claro de sucessão. O negócio precisaria incluir diretores “renomados e experientes” para orientar a escolha do próximo CEO.

Em um documento protocolado na SEC, a CVM americana, nesta segunda-feira, Wilson deixou claro que — tanto como veterano do setor, com “experiência extensa e evidente” na Lululemon, quanto como maior acionista individual, detentor de 8,4% das ações — não hesitaria em tomar suas próprias medidas para “renovar o conselho” caso suas sugestões fossem ignoradas.

A Lululemon não respondeu ao pedido de comentário da Forbes sobre Wilson.

“Isso pode ser apenas um tipo de ameaça”, afirma David Swartz, analista de consumo da Morningstar que acompanha a Lululemon. “Pode ser que ele queira integrar o conselho. Mas há alguns problemas aqui. Primeiro, tenho quase certeza de que o conselho da Lululemon não gosta muito dele. Segundo, ele pode ter um conflito por sua relação com a Amer Sports, que pode ser considerada, em certa medida, concorrente da Lululemon. Wilson possui uma participação maior nessa empresa do que na própria Lululemon.”

Mais críticas

Há muito tempo Wilson é um crítico incansável da marca de athleisure — apesar de não ter qualquer envolvimento com a companhia há mais de uma década, desde que foi afastado em 2013 (e saiu oficialmente em 2015), após declarações polêmicas ao atribuir um problema de transparência em leggings a “alguns corpos femininos”.

Ele vendeu 75% de suas ações desde que deixou a Lululemon e ganhou bilhões de dólares em outros negócios e investimentos.

Em 2024, Wilson criticou a diversidade na publicidade da Lululemon, chamando modelos de alguns anúncios de “não saudáveis”, “doentios” e “nada inspiradores”. Em outubro, publicou um anúncio de página inteira no The Wall Street Journal intitulado “Lululemon: Em Queda Livre”.

Parte da insatisfação de Wilson pode ser explicada por seu próprio bolso. No auge da Lululemon, em dezembro de 2023, suas 10 milhões de ações valiam mais de US$ 5,2 bilhões (R$ 29,07 bilhões); hoje, valem US$ 2,1 bilhões (R$ 11,74 bilhões). Se tivesse mantido todas as 40 milhões de ações que possuía em 2014, quando deixou a empresa, estaria hoje com papéis da Lululemon avaliados em mais de US$ 8,3 bilhões (R$ 46,40 bilhões.)

Como maior acionista individual, ninguém perdeu mais riqueza nos últimos dois anos com a queda das ações da Lululemon do que Wilson.

Há quase uma década ele reclama que a marca perdeu seu rumo, mesmo com as vendas saltando de cerca de US$ 1,8 bilhão (R$ 10,03 bilhões) em 2014 para US$ 11 bilhões (R$ 61,32 bilhões) sem ele no comando, enquanto a ação disparou 220%, apesar dos dois últimos anos turbulentos.

Em 2016, Wilson escreveu uma carta aberta dizendo que a Lululemon havia “se perdido”. Em 2017, comprou um anúncio em um ponto de ônibus em frente à sede da empresa, sugerindo que ela adquirisse a rival Under Armour.

Ao final de 2020, a ação valia cinco vezes mais do que em 2015, mas Wilson continuava descontente e, em outubro passado, afirmou que a decisão de 2020 de comprar a marca de fitness doméstico Mirror “desperdiçou US$ 1 bilhão” (R$ 5,59 bilhões) na aquisição de US$ 500 milhões (R$ 2,80 bilhões).

“Ele pode dizer o que quiser, mas os números mostram que a empresa não precisa dele”, disse Swartz, da Morningstar, à Forbes perto do pico da companhia. Agora, com a Lululemon enfrentando uma desaceleração nas vendas, produtos previsíveis e concorrência crescente, o cenário pode estar mudando.

“Pela maioria das métricas, dá para dizer que os últimos sete anos foram bem-sucedidos para a Lululemon, apesar dos problemas recentes”, afirma Swartz. “A realidade é que esse setor — o mercado de roupas esportivas em geral e o athleisure feminino em particular — tornou-se muito mais competitivo nos últimos anos.”

Concorrência e expandindo

Marcas menores e de crescimento mais rápido, como Vuori e Alo Yoga, vêm avançando sobre a participação de mercado da Lululemon. A Alo, que aposta em endossos de celebridades e apelo ao streetwear, cresceu de 10 a 15 lojas em 2021 para mais de 130 atualmente e multiplicou sua receita em cerca de dez vezes desde a pandemia.

Já a Vuori ultrapassou US$ 1 bilhão (R$ 5,59 bilhões) em faturamento em suas mais de 100 lojas, graças a produtos que rivalizam em qualidade com os da Lululemon e a um posicionamento inicial focado no público masculino.

“Quando várias empresas disputam os mesmos clientes e geram vendas na casa das centenas de milhões ou bilhões, até as maiores do setor acabam sentindo o impacto”, diz Swartz. “Isso se acumula.”

Enquanto isso, a inflação persistente afetou os consumidores, que passaram a buscar marcas mais baratas do que a Lululemon, cujas leggings clássicas Align custam mais de US$ 100 (R$ 559). Isso pressionou a posição da empresa no mercado, afirma Brittany Steiger, analista de varejo e comércio eletrônico da Mintel. Marcas como a Aerie, da American Eagle, aproveitaram a oportunidade e ampliaram seus portfólios, indo além da lingerie para oferecer alternativas de athleisure mais acessíveis.

A Lululemon, por sua vez, respondeu expandindo-se além do vestuário feminino e investindo em roupas masculinas e acessórios. Em 2022, a marca anunciou que a linha masculina impulsionaria um plano de cinco anos para elevar a receita a US$ 12,5 bilhões (R$ 69,88 bilhões) até 2026.

Em 2024, as roupas masculinas representaram cerca de 25% da receita anual da empresa.

Como tudo começou

Wilson acredita que essa estratégia é o caminho errado. Empreendedor em série, ele fundou a Lululemon em Vancouver, no Canadá, em 1998, com uma ideia simples.

Após fazer sua primeira aula de ioga por causa de uma lesão nas costas, percebeu que as roupas da instrutora eram finas e transparentes. Queria criar vestuário de ioga de alto padrão feito especificamente para o corpo feminino — na época, muitas marcas esportivas produziam roupas para homens e apenas adaptavam os modelos para mulheres.

Com a popularização do athleisure no fim dos anos 1990 e início dos 2000, a Lululemon se tornou sinônimo de calças de ioga premium e continuou crescendo, enquanto lidava com uma série de controvérsias envolvendo Wilson, até que ele foi afastado, primeiro da presidência do conselho em 2013 e depois do próprio conselho dois anos mais tarde.

Agora, grande parte de sua campanha de pressão para reverter o rumo da marca se concentra em um retorno às origens. “Coloquem o produto e a marca novamente no centro”, exigiu em seu anúncio no WSJ em outubro. “No papel, a Lululemon ainda parece sólida, mas está perdendo a sua alma.”

Apesar de tudo isso, Wilson continua quase tão rico quanto no auge da Lululemon em 2023, graças ao sucesso da Amer Sports. Ele gastou US$ 1 bilhão (R$ 5,59 bilhões) para comprar aproximadamente 21% da empresa em 2019 — e o investimento compensou.

A companhia, um grupo multinacional de artigos esportivos fundado originalmente na Finlândia como uma empresa de tabaco por quatro grupos estudantis, abriu capital na Bolsa de Nova York em 2024.

A receita atingiu US$ 5,2 bilhões (R$ 29,07 bilhões) naquele ano, alta de 18% em relação ao anterior, impulsionada pela marca dominante de tênis Wilson e pela grife premium de outdoor Arc’teryx.

Wilson, que integra o conselho da Amer, hoje detém ações avaliadas em cerca de US$ 3 bilhões (R$ 16,77 bilhões), quase US$ 1 bilhão (R$ 5 bilhões) a mais do que sua participação na Lululemon, já que os papéis da Amer subiram 194% desde o IPO.

Ele também investiu em outros negócios de moda, como a Sheertex, e em sua empresa imobiliária Low Tide, além de ter se comprometido a doar US$ 100 milhões (R$ 559 milhões) para a pesquisa sobre a distrofia muscular facioescapuloumeral (FSHD), uma doença rara da qual sofre há décadas.

Mas, independentemente de tudo, há um empreendimento que parece se destacar acima dos demais, com as ações em alta ou em baixa: “O mundo não precisa de mais uma empresa de vestuário genérica, guiada por resultados trimestrais”, escreveu Wilson em outubro. “Precisa de uma visão ousada. Precisa que a Lululemon volte a voar.

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