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Ibovespa Aos 160 Mil Pontos: Há Espaço para um ‘Rali de Natal’?

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Basta caminhar por aí para notar que o clima de Natal já está no ar. As decorações, as luzes, o brilho e aquela ansiedade dão o tom da época e trazem, entre outras coisas, a velha pergunta: vai ter presente? Guardadas as devidas proporções, o mercado financeiro também percebe os sinais de fim de ano, mas a expectativa não é de mimos, e sim da resposta que costuma aparecer tradicionalmente nesta época: vai ter rali de Natal na bolsa?

Se ele vai acontecer ou não, somente as próximas semanas dirão. Ainda assim, alguns sinais já começam a surgir. O principal deles é o Ibovespa, que, após flertar com o novo patamar de 150 mil pontos em novembro, vem testando desde o dia 2 deste mês a casa dos 160 mil pontos. Há espaço para mais?

O fenômeno do “rali de Natal” é conhecido, tem respaldo estatístico e se repetiu em vários ciclos, mas nunca foi garantia. Em 2025, porém, o pano de fundo parece mais favorável do que o usual. A inflação segue surpreendendo para baixo, com espaço até para fechar (raspando) dentro do teto da meta, o dólar permanece relativamente comportado e as projeções já apontam para o início de cortes de juros no começo de 2026. Para muitos gestores, é exatamente esse tipo de ambiente que costuma dar tração ao final do ano.

A dúvida agora é se o movimento atual é apenas um aquecimento ou se existe combustível suficiente para que dezembro entregue mais do que o simples efeito calendário.

Pelo retrovisor, as chances são consideráveis. Segundo levantamento do analista de informações econômicas Einar Rivero, sócio da consultoria Elos Ayta, a probabilidade é de 64%. Ele chegou a esse número ao rastrear, com base nos dados da própria B3, o desempenho da bolsa nos últimos 25 anos, de 2000 a 2024, verificando quantos dias o índice fechou em alta ou em baixa.

A conclusão foi que, em 16 desses anos, dezembro teve mais pregões positivos do que negativos. E, nos cinco anos mais recentes, apenas em 2022, ano marcado pelo desfecho da pandemia de Covid-19, o mês registrou mais quedas do que avanços.

Por que isso acontece justamente em dezembro?

A lógica por trás do rali é menos intuitiva do que parece. Dezembro funciona como a última janela para gestores entregarem desempenho aos cotistas. É o momento dos ajustes finais das carteiras, das estratégias táticas de fechamento e da preparação para o fluxo de captação que geralmente se concentra no início do ano seguinte. Quem é do setor conhece bem essa dinâmica.

Gustavo Harada, head da Blackbird, lembra que a liquidez menor das últimas semanas aumenta a sensibilidade dos preços. E não é preciso muito para o mercado ganhar velocidade. “Tem a questão da distribuição de alguns bônus corporativos, PLR, e se os investidores estão otimistas com a bolsa, o fluxo para ativos de risco cresce. Também há as realocações de portfólios de investidores institucionais no fechamento do ano”, afirma Harada.

Ainda segundo o executivo, outros fatores podem vir a influenciar a concretização do rali de Natal, como rebalanceamentos, ajustes fiscais, a redução de incertezas políticas e decisões que costumam ser empurradas para janeiro. Entram na conta também as condições macroeconômicas mais claras, como juros, inflação e câmbio.

André Matos, CEO da MA7, explica que dezembro também é a última oportunidade para provar consistência e competitividade antes da virada do ano. Essa corrida final, segundo ele, costuma coordenar o mercado inteiro. Ao mesmo tempo, o período funciona com liquidez reduzida. As gestoras operam com equipes menores, os grandes players diminuem presença e o volume cai, aumentando a sensibilidade do mercado. “Muitos fundos que compram cotas de outros fundos iniciam seu ciclo de aportes já em janeiro, o que torna dezembro decisivo para mostrar consistência e competitividade”, diz Matos.

A lógica é simples: pequenos fluxos geram movimentos maiores. 

O componente psicológico

Além dos fatores técnicos, existe outro elemento que historicamente ajuda a impulsionar o rali de Natal: o psicológico. O investidor começa a olhar para o ano seguinte, imagina um cenário menos tenso e tende a aceitar mais risco.

Matos reforça que essa antecipação das expectativas é decisiva para explicar por que o mês costuma ser favorável. Há também o atual momento do Ibovespa. Algumas projeções indicam níveis entre 165 mil e 167 mil pontos até o dia 31 de dezembro – apesar do soluço da última sexta-feira. Os especialistas apontam que o dólar tende a se manter em uma zona confortável de estabilidade. 

Afinal, vai ter rali ou não?

Para entender de fato se o rali tem chance de se confirmar neste ano, alguns indicadores merecem atenção. O primeiro é o fluxo dos gestores, especialmente institucionais e fundos multimercados.

Quando esses investidores começam a se posicionar de forma coordenada, o movimento costuma ganhar tração. Matos destaca que esse fluxo frequentemente funciona como o gatilho mais visível para o início do rali.

Outro ponto é a liquidez. Se o volume permanece baixo, a sensibilidade dos preços segue elevada, potencializando qualquer movimento. Harada destaca que, sem essa redução da liquidez típica de dezembro, o mês se comportaria como qualquer outro.

A macroeconomia também pesa. Inflação mais benigna, com chances reais de ficar dentro do teto da meta, dólar estável, expectativas fiscais mais organizadas e a perspectiva de cortes de juros em 2026, possivelmente já no início do ano, formam um ambiente favorável para ativos de risco.

Só a sinalização de juros mais baixos já melhora o prêmio de risco de forma imediata. Some a isso o humor do investidor: psicologia de fim de ano, início de posicionamento para 2026 e um clima político menos tensionado criam terreno fértil.

Em resumo, o rali aparece quando técnica e expectativa caminham juntas. Falta observar, porém, o cenário internacional, que pode ser tanto aliado quanto obstáculo. Harada lembra que, se o investidor global decide fugir de risco, dificilmente algum rali se sustenta.

Vale a pena entrar só pelo rali?

O cenário aparentemente benigno não é tudo. Dezembro também coleciona anos frustrantes. Choques externos, tensões políticas, recessões e juros altos já foram suficientes para quebrar o padrão em ciclos anteriores. Basta um fator desequilibrar a balança para que os ganhos desapareçam. 

Isso leva à pergunta clássica: vale a pena entrar na bolsa só pelo rali? Depende. Ele pode ser uma oportunidade, mas não deveria ser um plano de investimento. Algo como um bônus, não uma estratégia, dizem os analistas.

Até porque, mesmo sem o efeito calendário, a bolsa brasileira segue com múltiplos descontados e fundamentos resilientes. “Temos encontrado bons papéis para entrada. E tudo depende do perfil do investidor, do horizonte de tempo, da diversificação adequada ao perfil, entre outros fatores”, diz Harada.

No fim, o importante é que o investidor não confunda padrão estatístico com certeza de valorização. Afinal, o céu sem nuvens pode se transformar em tempestade muito rapidamente. 

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