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Incertezas Fiscais e Tarifaço Devem Fazer com Que Selic Só Tenha Novo Corte no Fim do Ano, Aponta Economista-Chefe do Inter

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Desde o início da presidência de Gabriel Galípolo no Banco Central (BC), em janeiro de 2025, o mercado vem renovando as suas apostas em uma Selic cada vez mais alta. O motivo? Os problemas fiscais que fizeram com que o ano se iniciasse com o dólar acima dos R$ 6 e muito temor no mercado.

De lá pra cá muita coisa mudou, mas, na última reunião realizada em junho, a Selic chegou ao patamar dos 15%, potencialmente encerrando um ciclo de alta que foi muito além do esperado em seu início.

Nesta quarta-feira (30), o Copom se reúne novamente com uma postura sólida — de prolongar esse período de juros elevados. A estratégia do BC é sinalizar ao mercado que a política monetária apertada continuará firme até que haja maior clareza sobre os desdobramentos fiscais e externos.

Para Rafaela Vitoria, economista-chefe do banco Inter, a possibilidade de um corte no fim do ano está no radar, mas depende da evolução de alguns fatores, como o comportamento do câmbio e o impacto da nova guerra comercial dos EUA. “É incerto quais serão os efeitos diretos e indiretos das tarifas de Trump. Elas podem afetar setores específicos da indústria, mas também gerar consequências mais amplas, como aumento do desemprego e desaceleração da atividade”, explica.

O esforço do governo federal para conter o avanço dos gastos e restaurar a credibilidade fiscal também será determinante para definir os próximos passos do BC. “O debate fiscal no Brasil amadureceu e deve continuar pressionando o governo a implementar algum grau de contenção”, afirma a economista-chefe do Inter.

Confira os melhores momentos da conversa entre Rafaela Vitoria e a Forbes Brasil abaixo. As respostas foram editadas para concisão e clareza. 

Forbes: Qual é a perspectiva para as próximas decisões do Banco Central, especialmente em relação à Selic?

Rafaela Vitoria: Os próximos passos do Banco Central estão bem definidos. A expectativa é de manutenção da Selic em 15%. A estratégia do BC é manter uma postura restritiva por um período prolongado. Não esperamos mudanças na taxa básica de juros nas próximas reuniões, nem no tom da Ata.

A expectativa é de manutenção da taxa Selic até o fim do ano e talvez até o início de 2026?

Nossa projeção prevê um primeiro corte da Selic em dezembro — em 0,50 ponto percentual, terminando o ano em 14,50% —, mas não estamos com tanta convicção quanto a isso, principalmente devido às tarifas de Trump. A principal preocupação é o impacto dessas taxas sobre o câmbio, que será uma das variáveis mais importantes a ser monitorada para confirmar ou não o cenário de início de cortes ainda em 2025. Ainda que esse primeiro corte venha, não esperamos um grande ciclo ao longo de 2026.

Para o próximo ano, o cenário de eleições em 2026 tende a pressionar o governo por mais gastos. Se houver aumento de despesas sem equilíbrio do lado da receita, essa expansão fiscal pode aquecer a demanda e dificultar o processo de desinflação ou até mesmo pressionar a inflação para cima.

Qual deve ser o ritmo da economia nos próximos meses?

A perspectiva é de uma economia em desaceleração. Com a Selic em 15%, observamos impactos negativos no varejo e na indústria. Os investimentos também devem enfraquecer nos próximos meses.

Esperamos uma estabilidade do PIB neste segundo semestre, com possibilidade de leve retração no quarto trimestre. O crescimento de 2% projetado para 2025 reflete, em sua maioria, o desempenho positivo da primeira parte do ano.

Qual será o impacto dessa política monetária restritiva do BC nos investimentos?

Os investimentos no setor de infraestrutura mostram mais resiliência diante da política monetária apertada. Essas aplicações estão ligadas a concessões, cujos contratos costumam remunerar o custo de capital. Ou seja, quando a Selic sobe, as tarifas também tendem a ser ajustadas, compensando o aumento dos custos. Um exemplo é o segmento de saneamento, que vem passando por um processo de expansão estimulado pelo novo marco regulatório.

Por outro lado, a expectativa é de uma desaceleração em outros setores, principalmente na construção civil. A taxa de juros elevada impacta a poupança — fonte de renda importante de financiamento para o setor —, o que reduz o ritmo do crédito imobiliário. Além disso, a indústria, em destaque a de segmento de bens de capital, também deve sentir esse efeito.
Um ponto de atenção é o agronegócio, que teve crescimento em investimentos nos últimos anos, com aumento da produtividade e da área plantada. No entanto, as tarifas de Trump geram incertezas sobre o futuro de alguns setores exportadores, o que pode levar a uma redução nos aportes em 2026.

Os ativos estão muito caros para a situação fiscal em que estamos ou não? 

Não. Atualmente ainda vemos um prêmio de risco elevado nos ativos brasileiros, tanto na Bolsa quanto nos juros. Apesar da incerteza, grande parte desse risco já está precificada nos preços. Não esperamos que os juros subam ainda mais, pois o patamar atual já é bastante elevado.

Há risco de maior deterioração fiscal no futuro?

É difícil. Hoje, a expectativa de deterioração fiscal é maior do que os números efetivamente mostram, refletindo falta de confiança na política fiscal. Não há sinais de uma deterioração maior do que a já precificada. Essa é a principal questão, já que a percepção de risco está elevada pela falta de credibilidade.

Quais são os maiores desafios para o Brasil alcançar estabilidade econômica a longo prazo?

Entre os destaques estão a confiança, credibilidade na política econômica e os gastos excessivos. Quando o governo não transmite segurança ao mercado, isso se reflete em um prêmio de risco maior e em uma taxa de juros mais elevada.

As demandas por gastos públicos aumentaram em todas as esferas — não apenas no governo federal, mas também nos estados, municípios e no Judiciário —, superando os limites anteriores impostos pelo teto de gastos.

Qual é a perspectiva para o dólar?

Atualmente, o câmbio está em torno de R$ 5,60, um nível que consideramos relativamente equilibrado diante dos risco existentes. Há espaço para valorização? Sim, principalmente se houver maior confiança na política fiscal e uma tendência de queda na inflação. Embora uma redução da taxa de juros geralmente atraia menos capital, ela sinaliza uma menor percepção de risco, o que tende a favorecer a apreciação do real.

Por outro lado, ainda há muita incerteza, não apenas sobre a trajetória fiscal, mas também em relação à guerra tarifária de Trump. Esses fatores podem pressionar o câmbio. O patamar de R$ 5,50 a R$ 5,60 até o fim do ano mostra a volatilidade entre os aspectos positivos e negativos.

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