Investimento de US$ 35,6 Milhões Faz Ações da Trilogy Metals Dispararem 245%
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O investimento de US$ 35,6 milhões (R$ 190,1 milhões) do governo americano por uma participação de 10% em uma pequena empresa de mineração com sede em Vancouver gerou grande lucro para seus investidores. Entre eles está o bilionário John Paulson, alguém com quem o presidente dos EUA, Donald Trump tem uma relação próxima.
Paulson detinha uma participação de 8,7% na Trilogy Metals no fim de junho. As ações da empresa triplicaram no pregão pós-fechamento na noite de segunda-feira (6), após o anúncio do acordo, e abriram a sessão de terça (7) 245% mais valorizadas, elevando o valor da fatia de Paulson de US$ 30 milhões (R$ 160,2 milhões) para US$ 100 milhões (R$ 534 milhões).
Coincidindo com o investimento, a Casa Branca autorizou a construção de uma estrada de acesso de 340 quilômetros até o remoto distrito minerador de Ambler, no Alasca. Na gestão de Joe Biden, em 2024, a construção foi vetada, baseando-se no impacto sobre as comunidades indígenas locais.
O comunicado da Casa Branca desta semana celebrou o acordo, afirmando que ele “priorizará o crescimento econômico e a segurança nacional, entregando resultados onde os democratas falharam em aproveitar os recursos da América”. O texto, no entanto, não mencionou o benefício pessoal para um de seus aliados mais leais. Paulson, que criou o fundo de hedge Paulson & Co. em 1994, e hoje o administra como um family office, foi um dos primeiros apoiadores de Trump em Wall Street, integrando sua equipe de política econômica durante a primeira campanha presidencial, em 2016.
Em abril de 2024, ele organizou um evento de arrecadação de fundos para a campanha do atual presidente americano em sua casa. No evento, ele arrecadou US$ 50,5 milhões (R$ 269,7 milhões) e chegou a ser cotado para o cargo de secretário do Tesouro durante a transição do ano passado, antes de Trump escolher Scott Bessent. Procurado, Paulson não respondeu ao pedido de comentário sobre o acordo anunciado na segunda-feira.
Uma montanha-russa em forma de empresa
A Trilogy e uma mineradora australiana chamada South32 são coproprietárias da Ambler Metals LLC, empresa responsável pelo gerenciamento dos Upper Kobuk Mineral Projects, uma área de 191 mil hectares no noroeste do Alasca, rica em cobre, cobalto e outros metais. O projeto ainda está nas fases de desenvolvimento e exploração, e a Trilogy ainda não gerou receita.
Paulson é um dos principais acionistas da Trilogy desde sua oferta pública inicial em maio de 2012, quando a empresa ainda se chamava NovaCopper, resultado de uma cisão da NovaGold Resources. Ele inicialmente possuía 6 milhões de ações e, aos poucos, ampliou sua posição até atingir 14,3 milhões de papéis em junho de 2019. Desde então, sua participação permanece inalterada, de acordo com os relatórios trimestrais enviados à SEC (Securities and Exchange Commission, Comissão de Valores Mobiliários dos EUA).
O desempenho da mineradora desde que fechou seu primeiro dia de negociação em 2012 a US$ 3,73 (R$ 19,90) por ação tem sido uma montanha-russa. As ações caíram para apenas US$ 0,16 (R$ 0,85) em janeiro de 2016 — período em que Paulson aumentou sua participação, aproveitando os preços baixos —, depois subiram para mais de US$ 3,00 (R$ 16,00) em 2019, e voltaram a recuar para US$ 0,37 (R$ 1,98) em abril de 2024, quando o governo Biden criou obstáculos às ambições da empresa de viabilizar seu projeto no Alasca.
Impulsão na volta de Trump
No dia seguinte à eleição do ano passado, as ações da Trilogy dispararam 79%, impulsionadas pela expectativa de um governo mais favorável. Na última terça, elas subiram 245% e abriram em uma máxima histórica de US$ 7,25 (R$ 38,7). Às 10h (horário local) daquele dia, os papéis haviam recuado para US$ 6,57 (R$ 35,10), ainda em alta de 210% no dia, o que elevou o valor de mercado da empresa para US$ 1,1 bilhão (R$ 5,9 bilhões).
Desde a consolidação do retorno de Trump à Casa Branca, em 2024, a valorização já chega a 1.000%. Nada mal para uma pequena empresa com apenas cinco funcionários em tempo integral, nenhuma receita e um prejuízo líquido de US$ 9,2 milhões (R$ 49,1 milhões) nos últimos 12 meses — mas com um aliado influente no Salão Oval.
Não é a primeira vez que o governo Trump movimenta o mercado ao investir diretamente em ações neste ano. A administração já adquiriu participações na Intel, na MP Materials e na Lithium Americas, e há rumores de que esteja em negociações com outras mineradoras. Todos os papéis dessas empresas subiram após o anúncio, mas nenhuma tanto quanto a da Trilogy, a menor do grupo.
As ações dessas três empresas mais que dobraram de valor no último ano — ganhos expressivos que agora parecem pequenos diante do desempenho da Trilogy. Paulson provavelmente está aliviado por não ter assumido o cargo de secretário do Tesouro, o que o obrigaria a se desfazer de seus ativos para cumprir as leis de ética.
Para ele, cuja fortuna é estimada em US$ 4 bilhões (R$ 21,3 bilhões), a disparada das ações na última terça-feira consolida um ano excepcional para sua carteira de investimentos. Investidor de longa data em ouro, ele detém participações em mineradoras como Perpetua Resources, Agnico Eagle Mines e NovaGold Resources, que, juntas, valiam US$ 600 milhões (R$ 3,2 bilhões) no segundo trimestre e poderiam ultrapassar US$ 1 bilhão (R$ 5,3 bilhões), caso ele não tenha vendido durante o rali do ouro no verão americano.
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