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Israel e Irã: Por Que o Estreito de Ormuz Tem uma Importância Global?

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Na noite de 12 de junho, Israel realizou uma série de ataques aéreos contra o Irã, tendo como alvo instalações nucleares e centros científicos do programa atômico. O país indicou que a investida não é isolada — com a intenção de destruir o programa de armas nucleares iraniano. Em resposta, Teerã fez uma retaliação imediata, e a troca de ataques entre os dois países parece longe do fim.

Desde então, com a perspectiva do conflito se prolongar, um ponto geográfico estratégico voltou ao centro das atenções: o Estreito de Ormuz — uma das principais vias energéticas do mundo e símbolo de tensões no Golfo.

Com apenas 34 km de largura em seu ponto mais estreito, essa passagem marítima conecta o Golfo Pérsico ao Golfo de Omã e ao Mar Arábico. Ao norte, está a costa do Irã; ao sul, ficam os Emirados Árabes Unidos (EAU) e um enclave pertencente ao Omã. Por ali passam, diariamente, 21 milhões de barris de petróleo e derivados – cerca de 30% do consumo mundial. Além disso, um terço do gás natural liquefeito (GNL) do planeta também passa pela hidrovia.

De acordo com a Administração de Informação de Energia dos Estados Unidos (EIA), a região é considerada “o ponto de estrangulamento de petróleo mais importante do mundo”. Isso porque não há rotas alternativas viáveis para o transporte de petróleo e de GNL, tornando o fluxo extremamente vulnerável. Ou seja, qualquer instabilidade na área pressiona os mercados globais e eleva o risco de choques nos preços de energia.

Ormuz sob pressão

Na prática, o Estreito é cercado por países com interesses e alinhamentos distintos. De um lado está o Irã, historicamente em conflito com os Estados Unidos e seus aliados. Do outro, os EAU, que mantêm uma relação estratégica próxima com Washington — alinhado à Israel. Em meio a esses polos, há um estreito território controlado pelo Omã, que adota uma postura de neutralidade e atua como mediador entre os países do Golfo.

O tráfego marítimo é organizado em dois corredores estabelecidos pela Organização Marítima Internacional (IMO), por meio de um sistema de separação de vias (Traffic Separation Scheme – TSS). Um desses canais é reservado para embarcações que entram no Golfo Pérsico e o outro para as que saem. Cada rota tem, em média, 3 quilômetros de largura.

Isso significa que os navios têm pouco espaço para navegar, aumentando o risco de acidentes. Ou seja, qualquer problema em uma das vias pode interromper o trânsito e afetar as commodities energéticas.

Essa passagem estreita acentua ainda mais as tensões, já que mesmo sem dominar a região completamente, a geografia confere ao Irã um poder quase soberano, pois toda a costa norte — maior em extensão costeira — pertence ao país persa.

Gargalo do petróleo

O Estreito de Ormuz é a única rota marítima de saída do Golfo Pérsico para a maioria dos exportadores de petróleo da região. Por exemplo, para grandes produtores como Iraque, Kuwait e Catar, todas as suas exportações marítimas de petróleo e gás devem passar por Ormuz.

Apenas a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos possuem oleodutos que podem contornar parcialmente o estreito, mas, mesmo assim, esses condutores conseguem escoar apenas uma fração do total exportado. De acordo com um estudo do Grupo Mirabaud, dois terços do petróleo são destinados aos principais importadores, como China, Coreia do Sul, Japão, Singapura e Índia.

O Irã nunca fechou o Estreito completamente, mas ocorreram eventos críticos ao longo dos anos. Na década de 1980 durante o conflito Irã – Iraque, ambos os lados atacaram petroleiros que transitavam pelo Estreito, provocando escoltas navais dos EUA e confrontos diretos. Já em 2008, lanchas iranianas e navios de guerra dos EUA se envolveram em encontros tensos.

O conflito mais recente foi em abril de 2024, em que horas antes de lançar um ataque de drones e mísseis contra Israel, a Guarda Revolucionária Islâmica do Irã apreendeu um navio porta-contêineres ligado ao país perto da passagem.

Ormuz: estratégico no conflito

A posição de Israel, embora geograficamente distante do Estreito de Ormuz, tem efeito indireto, já que uma retaliação iraniana a ataques israelenses poderia envolver, por exemplo, bloqueios navais ou investidas a petroleiras aliadas de Israel.

Confirmando as expectativas, um dos elementos centrais da política externa do Irã são as ameaças de interromper a navegação na passagem. “A Marinha dos EUA, a Marinha Real Britânica e a China tem um grande interesse em manter o estreito aberto, dada sua importância para a segurança energética global e para as economias da Ásia, Europa e outros países”, explica John Plassard, estrategista do Grupo Mirabaud.

O economista-chefe do private bank Andbank, Àlex Fusté, comenta que se o Irã fechar o estreito, afetará 20% do comércio de petróleo bruto global e levará a um acréscimo de até US$ 20 (R$ 109,96) no preço do barril.

Os beneficiários dessa alta nos preços do óleo são os próprios produtores, como a Exxon e a Shell . “Tendo vantagem de seus custos unitários de produção em grande parte fixos, uma receita maior por unidade de petróleo se traduz facilmente em um aumento desproporcional na lucratividade”, afirma Plassard.

Por outro lado, os usuários de combustível, como companhias aéreas e navios de cruzeiro, tendem a sofrer se os aumentos de preço forem prolongados. No pior cenário, analistas do JPMorgan comentaram que o fechamento do estreito ou uma retaliação por parte dos principais produtores de petróleo da região poderia elevar os preços para a faixa de US$ 120 a US$ 130 (R$ 714,75) por barril — quase o dobro da previsão atual.

Além do ecossistema petrolífero imediato de produtores e consumidores, existem outros desafios que acompanham a alta dos preços do petróleo, como a inflação. “No acumulado do ano, a inflação nos EUA tendeu a ficar em linha ou um pouco melhor do que o esperado, o que tem sido reconfortante, mesmo com o mercado permanecendo preocupado com o impacto das tarifas a médio prazo”, diz o estrategista do Mirabaud.

No entanto, preços mais altos do petróleo criaram uma pressão inflacionária renovada nos EUA — e em outros lugares. Diante de uma perspectiva macroeconômica consensual que prevê uma desaceleração, mas não uma recessão nos EUA, a pressão inflacionária adicional é indesejada. “Isso potencialmente reduziria a capacidade e o apetite do Federal Reserve (Fed) de reduzir as taxas de juros para administrar a economia”, analisa a Mirabaud.

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