James Cameron Agora É Bilionário
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Uma das maiores surpresas de Hollywood em 8 de dezembro — ao menos entre as notícias não relacionadas à disputa em torno da Warner Bros. Discovery — foi o fato de Avatar 3 não ter sido indicado em nenhuma das principais categorias do Globo de Ouro deste ano. Em um reconhecimento de que a aguardada sequência de dois dos três filmes de maior bilheteria da história tem grandes chances de ser o maior lançamento do ano — e pode ultrapassar US$ 2 bilhões (R$ 10,8 bilhões) em arrecadação —, a organização do prêmio optou por indicá-lo na categoria Conquista Cinematográfica e de Bilheteria, mesmo com o filme ainda não tendo estreado oficialmente (o lançamento acontece apenas na próxima sexta, 19 de dezembro).
Essa é a medida da confiança depositada em James Cameron. Ao longo de seus 40 anos de carreira, o cineasta de 71 anos fez apostas cada vez maiores em seus projetos, sempre sob expectativas altíssimas de entregar verdadeiras minas de ouro nas bilheteiras. Desde os anos 1980, com O Exterminador do Futuro e Aliens, passando por Titanic e pelos dois primeiros filmes de Avatar, as produções de Cameron arrecadaram juntas cerca de US$ 9 bilhões (R$ 48,6 bilhões) nas bilheterias globais. A fatia que lhe coube nesses resultados constitui a maior parte de um patrimônio pessoal que a Forbes hoje estima em US$ 1,1 bilhão (R$ 5,94 bilhões).
Esse valor coloca Cameron em uma lista extremamente restrita de cineastas que alcançaram o status de bilionários, ao lado de George Lucas, Steven Spielberg, Peter Jackson e Tyler Perry. Diferentemente dos demais — que tiveram acordos relevantes ou fontes de receita significativas fora de Hollywood —, Cameron atingiu esse patamar quase exclusivamente graças ao sucesso de seus filmes. Ainda assim, ele evita qualquer menção direta à própria fortuna (por meio de um representante, recusou-se a conceder entrevista para esta reportagem).
“Eu gostaria de ser bilionário”, disse Cameron em uma entrevista recente ao podcast de Matt Belloni, da Puck. “Essa história de bilionário pressupõe certos acordos que nunca existiram e, além disso, pressupõe que eu não tenha gasto um centavo em 30 anos.”
Mesmo considerando os extensos investimentos de Cameron em exploração submarina, filantropia ambiental e transações imobiliárias — além de seu histórico de abrir mão ou arriscar salários pessoais para manter controle criativo —, a Forbes estima que seus cachês, participações nos lucros, receitas de licenciamento para parques temáticos e brinquedos, além do valor de sua produtora Lightstorm Entertainment, mais do que compensam essas despesas.
E, nos próximos meses, ele tende a ficar ainda mais rico. A Forbes estima que Cameron possa ganhar ao menos US$ 200 milhões (R$ 1,08 bilhão) — antes de impostos e taxas — com Avatar 3, caso o filme corresponda às ambiciosas expectativas de bilheteria.
Trata-se de uma ascensão extraordinária para alguém que abandonou a faculdade, trabalhou como caminhoneiro no início dos seus 20 anos e depois conseguiu um emprego como assistente de produção na New World Pictures, de Roger Corman — função pela qual, segundo ele, recebia US$ 175 por semana. Seu primeiro trabalho como diretor, Piranha II: The Spawning (1981), não foi muito melhor remunerado, especialmente porque Cameron foi demitido duas semanas após o início das filmagens por divergências criativas e recebeu apenas metade do cachê prometido de US$ 10 mil (R$ 54 mil).
A grande virada veio três anos depois, com O Exterminador do Futuro, ideia que, segundo Cameron, surgiu durante um delírio febril enquanto ele estava doente em Roma, ainda trabalhando em Piranha II. Em troca da garantia de que poderia dirigir o filme, ele fez sua primeira grande aposta: vendeu o roteiro à produtora Gale Anne Hurd por US$ 1. O filme arrecadou US$ 78 milhões mundialmente, contra um orçamento de US$ 6,4 milhões, lançando as carreiras de Cameron e de Arnold Schwarzenegger e dando início a uma franquia que, no total, já superou US$ 2 bilhões (R$ 10,8 bilhões) em bilheteria.
Após se casar com Hurd em 1985, Cameron emplacou rapidamente Aliens (1986), que faturou US$ 131 milhões (R$ 707,4 milhões) com um orçamento estimado em US$ 18 milhões (R$ 97,2 milhões), e O Segredo do Abismo (1989), que arrecadou US$ 90 milhões (R$ 486 milhões) com um orçamento estimado de US$ 70 milhões (R$ 378 milhões). O casal se divorciou naquele mesmo ano.
A discussão sobre dinheiro — quanto seus filmes custam e quanto arrecadam — acompanhou Cameron ao longo de toda a carreira. Ele construiu a reputação de perfeccionista intenso (“eu fui um babaca nos anos 80”, admitiu recentemente), com tendência a ultrapassar orçamentos, um estilo que colocava enorme pressão para que cada filme fosse um sucesso comercial. Ainda assim, em praticamente todos os casos, ele entregou resultados.
Em 1991, O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final tornou-se a produção mais cara da história de Hollywood até então, com orçamento superior a US$ 90 milhões, em parte devido ao uso pioneiro de computação gráfica (CGI). O filme acabou sendo o maior sucesso de bilheteria do ano, ultrapassou US$ 500 milhões mundialmente e ainda gerou milhões adicionais em vendas de VHS — que, à época, tinham um preço inicial astronômico de US$ 99,95.
Além de um salário de US$ 6 milhões, Cameron foi recompensado com um contrato de cinco anos no valor de US$ 500 milhões com a Fox para financiar sua produtora, a Lightstorm Entertainment, e uma série de projetos que ele escreveria, dirigiria e produziria.
Rei das bilheterias: os filmes de James Cameron, incluindo Titanic, O Exterminador do Futuro e Avatar, arrecadaram quase US$ 9 bilhões juntos
Essa parceria seria testada já no filme seguinte, True Lies (1994), estrelado por Schwarzenegger e Jamie Lee Curtis. O orçamento inicial divulgado era de US$ 40 milhões, com um teto imposto pelo estúdio de US$ 70 milhões, mas a produção acabou se tornando, ao que tudo indica, a primeira da história a ultrapassar US$ 100 milhões. Para não abrir mão do controle criativo, Cameron renegociou seu contrato com a Fox, permitindo que o estúdio descontasse de sua participação nos lucros os valores necessários para recuperar o investimento. Mais uma vez, o filme superou expectativas, arrecadando US$ 378 milhões mundialmente e encerrando 1994 como o terceiro maior sucesso do ano.
“Custou caro para mim, pessoalmente, gastar mais dinheiro em True Lies”, disse Cameron à Entertainment Weekly na época, em uma declaração que funciona quase como um manifesto de sua carreira. “Para mim, o desejo de fazer o melhor filme possível sempre vence. Eu simplesmente não consigo fazer de um jeito inferior ao que acredito que ele deva ser. Não consigo. É uma maldição. E essa mentalidade é passada para todos que trabalham em cada aspecto do filme. Então todo mundo acaba gastando mais para torná-lo melhor.”
Esse conflito criativo se repetiria em escala muito maior com Titanic (1997). À medida que o orçamento ultrapassava US$ 200 milhões — para efeitos digitais e práticos que incluíam afundar um navio inteiro —, Cameron se ofereceu para devolver o valor que havia recebido como diretor e produtor (US$ 7 milhões, segundo a Forbes na época), além de abrir mão de sua participação nos lucros. A imprensa não resistiu às metáforas de um navio caro prestes a afundar, e o estúdio se preparou para um desastre nas bilheterias.
“A confiança do Jim nunca vacilou”, afirma Josh McLaglen, primeiro assistente de direção em Titanic e Avatar, à Forbes. “Ele trabalha exatamente no limite do que é possível — e depois empurra esse limite.”
O filme arrecadaria US$ 1,8 bilhão em sua primeira exibição nos cinemas, tornando-se o maior sucesso de bilheteria de todos os tempos à época, e ainda vendeu impressionantes 58 milhões de fitas VHS, gerando cerca de US$ 800 milhões (R$ 4,32 bilhões). Como compensação, a Fox concedeu a Cameron 10% dos lucros do filme, o que, segundo a Forbes, lhe rendeu cerca de US$ 150 milhõesantes de impostos e taxas.
Quando Titanic venceu 11 Oscars no ano seguinte — incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor —, Cameron eternizou a noite ao citar sua própria obra no palco: “Eu sou o rei do mundo!”
Apesar desse sucesso, a Fox inicialmente recusou seu projeto seguinte, uma épica ficção científica ambientada em um planeta criado inteiramente com efeitos digitais. O próprio Cameron admitia que a tecnologia necessária para realizar Avatar como ele imaginava ainda não existia — um desafio criativo que logo se tornaria também um problema econômico para sua recém-fundada empresa de efeitos visuais, a Digital Domain. Jon Landau, produtor que se tornou o braço direito de Cameron em Titanic e trabalhou com ele até sua morte, em julho passado, escreveu em um livro de memórias póstumo que, já no primeiro ano, a equipe criativa de Cameron consumiu todo o orçamento de pesquisa e desenvolvimento de US$ 10 milhões previsto no acordo com a Fox.
Ainda assim, como de costume, Cameron seguiu adiante. Ao custo de US$ 14 milhões, ele e seus colaboradores desenvolveram um novo sistema de câmeras 3D. Também criou dispositivos de captura facial para a Weta Digital, permitindo que a atuação dos atores fosse transferida para personagens digitais, além de uma tecnologia de simulcam, em parceria com a Giant Studios, que possibilitava visualizar personagens digitais renderizados em tempo real nos cenários virtuais durante as filmagens.
“Ele estava desenvolvendo ferramentas e aperfeiçoando algo novo todos os dias”, diz Candice Alger, então CEO da Giant Studios. “Já trabalhei com muitos diretores, mas nunca com alguém tão envolvido com a tecnologia. Outros diretores veem isso como ferramentas e se cercam de pessoas que sabem usá-las. Jim é mão na massa o tempo todo.”
Avatar, como se sabe, quebrou todos os paradigmas de sucesso de bilheteria em 2009, com quase US$ 3 bilhões (R$ 16,2 bilhões) em arrecadação. Como a Fox buscou financiamento externo para 60% do orçamento do filme, limitando sua exposição ao risco, muitos investidores lucraram, incluindo a gestora de private equity Dune Capital Management. A Ingenious Media, consórcio de investimentos formado por dezenas de celebridades britânicas — como David Beckham, Sacha Baron Cohen, Peter Gabriel e Guy Ritchie —, teria dividido quase US$ 400 milhões em lucros a partir de um investimento de cerca de US$ 75 milhões.
A Forbes estima que a fatia de Cameron no primeiro Avatar — indicado a nove Oscars e vencedor de três, incluindo Melhor Efeitos Visuais — tenha superado US$ 350 milhões (R$ 1,89 bilhão) em bilheteria e vendas para home video, antes de impostos e taxas. Como ele e a Lightstorm detinham os direitos da propriedade intelectual, Cameron ainda passou a ganhar milhões adicionais todos os anos com licenciamento de brinquedos, produtos e uma atração no parque temático Disney’s Animal Kingdom, em Orlando, na Flórida.
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Esse dinheiro permitiu que Cameron investisse em outras paixões, como a conservação ambiental — ele foi cofundador da Cameron Family Farms, na Nova Zelândia, em 2012; da organização de consultoria climática Avatar Alliance Foundation, em 2013; e da empresa de alimentos à base de plantas Verdient, em 2017 — além da exploração em águas profundas. Entre diversas expedições submarinas, Cameron ficou famoso por viajar até o ponto mais profundo dos oceanos, no fundo da Fossa das Marianas. Atualmente, ele vive em tempo integral na Nova Zelândia, onde, segundo relatos, possui mais de 3 mil acres de terra, após vender várias propriedades ao deixar a Califórnia em 2020.
A fascinação de Cameron pela tecnologia se manifestou mais recentemente na Lightstorm Vision, que firmou parceria com a Meta em dezembro para criar experiências em 3D para o Meta Quest. Em setembro passado, ele também passou a integrar o conselho de administração da Stability AI, empresa responsável pelo gerador de imagens e vídeos Stable Diffusion.
Ainda assim, seu apetite pelo cinema nunca diminuiu. Depois que dois novos filmes da franquia Avatar receberam sinal verde, Cameron passou quase uma década desenvolvendo novas tecnologias subaquáticas para O Caminho da Água (2022), que arrecadou US$ 2,3 bilhões (R$ 12,42 bilhões) nas bilheterias. Cameron, que teria um acordo de cerca de 20% de participação direta sobre a receita bruta (“first dollar gross”), embolsou mais US$ 250 milhões (R$ 1,35 bilhão) com o filme.
Na preparação recente para o terceiro, Fire and Ash, Cameron tem reiterado que planeja um quarto e um quinto filmes da franquia Avatar, mas indicou que este novo capítulo precisará, mais uma vez, provar seu valor nas bilheterias para que as próximas sequências sejam aprovadas. Segundo ele próprio, cada filme custa “uma quantidade absurda de dinheiro” para ser produzido, além de exigir muito tempo, já que as performances são captadas em tempo real, como em uma peça teatral, e a cinematografia é construída digitalmente durante a edição e a pós-produção.
“É meio insano, não é?”, disse Cameron recentemente sobre seu método de produção. “Se não tivéssemos ganhado tanto dinheiro com o primeiro filme, jamais estaríamos fazendo isso — quer dizer, é uma loucura.”
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