Lamb Weston Foca no Brasil e Desafia McCain com Fábrica de R$1,6 bilhão na Argentina

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A americana Lamb Weston, uma das maiores fornecedoras globais de batata congelada pré-frita, traçou um plano estratégico agressivo para consolidar sua posição global, colocando o Brasil no centro de sua expansão. A empresa abriu oficialmente, nesta terça-feira (7), sua nova fábrica em Mar del Plata, uma província de Buenos Aires, na Argentina, e contou com a presença do presidente Javier Milei.

Em entrevista exclusiva para a Forbes Brasil,  Marc Schröder, presidente global da companhia, sinaliza a ambição de se tornar a número um do mundo no mercado de batatas fritas congeladas, que movimenta cerca de US$ 36 bilhões. Em 2024, a Lamb Weston faturou US$ 6,5 bilhões (R$ 34,7 bi na cotação atual).

“O mercado brasileiro é muito interessante porque está crescendo rápido. Na verdade, se você olhar para o crescimento absoluto, o Brasil é um dos três principais países em termos de crescimento de batatas fritas no mundo”, diz Schröder. 

Com a América do Norte respondendo por dois terços do faturamento, a Lamb Weston vê na expansão internacional o segmento de maior crescimento.

Para o executivo, a unidade argentina passa a ser muito estratégica, especialmente tendo o Brasil como um grande comprador de suas batatas. Hoje, o mercado brasileiro represente cerca de 1,5% das vendas totais da Lamb Weston, mas o crescimento acelerado no consumo no país justifica o intenso investimento em infraestrutura e logística.

Esta é a segunda unidade da companhia na Argentina, que em 2019 iniciou suas operações na América Latina por meio de uma joint venture com a Sociedade Comercial del Plata.

Fundada em 1950 e com sede em Eagle, Idaho, na região das Montanhas Rochosas nos Estados Unidos, a empresa possui 27 fábricas espalhadas pelo mundo. Além de estar nos Estados Unidos e Argentina, a companhia tem produção na Austrália, Áustria, Canadá, China e Reino Unido.

Movimento tático: investimento na Argentina responde à concorrência

De acordo com Schröder, a decisão de investir cerca de US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão) na nova fábrica de 40 mil metros quadrados é uma manobra tática no tabuleiro global. A Lamb Weston compete diretamente com gigantes, como a canadense McCain Foods Limited (o principal concorrente e o maior no mundo, faturando cerca de US$ 11,5 bilhões em 2024), a americana J.R. Simplot Company, e as holandesas Aviko e Farm Frites.

O investimento na Argentina é uma resposta direta à concorrência estabelecida. A McCain, por exemplo, já opera uma fábrica na mesma região de Balcarce desde 1995. Ao se instalar em Mar del Plata, a Lamb Weston tenta neutralizar a vantagem geográfica da McCain e posicionar-se para disputar contratos de grandes cadeias de food service e supermercados em toda a América Latina.

A ambição de desafiar gigantes desse porte e até empresas locais de porte, como brasileira Bem Brasil, com fábricas em Araxá e Perdizes (MG), para se tornar a número um do mundo exige que a participação do Brasil, hoje de 1,5%, se torne um “número muito maior” nos próximos cinco anos, o que será feito por meio de um modelo de negócios que une eficiência, logística inteligente e credenciais de sustentabilidade.

“Esperamos dobrar essa participação nos próximos anos, sustentado pelo próprio crescimento do mercado de batatas fritas congeladas no Brasil, sendo muito maior do que a maioria dos demais países”, diz Schröder.

Até 2030, o mercado global de batatas fritas congeladas deverá atingir cerca de US$ 92 bilhões, segundo estudo da consultoria The Insight Partners. O Brasil, de acordo com dados o Ministério da Agricultura (Mapa), em 2024 o país importou 339 mil toneladas de batatas frescas, congeladas e processadas, por U$ 452 milhões. Desse total, foram 220 toneladas de congeladas, das quais 180 toneladas vieram da Argentina.

Logística sustentável: a vantagem da pegada de carbono

A nova unidade em Mar del Plata, que processará cerca de 91 mil toneladas de batatas por ano, projeta enviar ao Brasil 80% da produção que será exportada, o que significa quase 73 mil toneladas ao país. Para a empresa, o diferencial competitivo e de ESG (Ambiental, Social e Governança) visando o mercado vizinho reside na logística de transporte:

“O transporte marítimo é muito melhor do que o transporte por caminhão até o Brasil. Então, estas são coisas que são importantes para os clientes,” afirmou Schröder.

Ao aproveitar a localização portuária, a Lamb Weston prioriza o transporte marítimo em detrimento do rodoviário.  Essa estratégia logística de pegada de carbono deve ser um fator importante para clientes multinacionais que buscam fornecedores alinhados com seus rigorosos padrões de sustentabilidade. A fábrica também foi projetada para utilizar menos energia e água.

No Brasil, a empresa está concentrando seus esforços no canal serviço de alimentação e restaurantes (B2B), onde a marca já possui forte reconhecimento entre chefs e donos de estabelecimentos. No entanto, já estuda até a construção de sua marca entre os consumidores finais.

 

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