Lula, Copom ou China: o Que Está por trás da Montanha-russa do Dólar?
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A primeira sessão do dólar após a decisão do Copom de elevar os juros em 1 ponto percentual (e sinalizar mais duas altas de mesma magnitude para 2025 ) foi uma história em dois atos — com um final muito diferente do imaginado na noite anterior.
No começo do dia, a moeda americana acordou em queda livre, caindo abaixo dos R$ 5,90. Já no início da tarde, a história era outra. O câmbio voltou a ficar pressionado e o dólar subiu 0,9%, a R$ 6,0128, sem sinais de arrefecimento.
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O resultado final do dia chama a atenção porque vai na ponta contrária do que havia sido ventilado pelo próprio mercado após a decisão do Copom. A expectativa era de uma queda consistente — e não foi o que aconteceu.
A projeção de alívio no câmbio veio da leitura que economistas e analistas tiveram do comunicado do Copom e da sinalização das duas altas adicionais em 2025: duro, porém correto, no caminho certo para levar a inflação de volta para dentro da meta no horizonte relevante.
Se a primeira reação do mercado ao comunicado foi positiva, o que explica a forte oscilação do dólar?
Ato 1: o movimento de baixa do dólar
Assim como já era precificado desde a noite anterior, o dólar à vista começou o dia em forte queda. Em primeiro plano estava a decisão de política monetária — com 3 pontos percentuais contratados de uma só vez para conter a deterioração do cenário fiscal.
Depois veio o anúncio de que o Banco Central faria dois leilões de linha de US$ 2 bilhões cada, injetando liquidez no sistema financeiro. As operações foram um sucesso e ajudaram a segurar o dólar na parte da manhã.
“O alívio inicial foi impulsionado por um tom firme do Banco Central, reforçando a percepção de que a Selic permanecerá em patamares elevados por um período prolongado, o que atraiu fluxo de investidores interessados no diferencial de juros. Os leilões de linha contribuíram para reduzir temporariamente as pressões de alta sobre o câmbio”, explica Diego Costa, head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio.
Para completar a tríade de fatores positivos para o câmbio, os últimos dias foram de um otimismo renovado com a economia chinesa. O governo da segunda maior economia do mundo anunciou mudanças na política monetária a partir do próximo ano. Assim como os pacotes de estímulos anunciados anteriormente, a ideia é aquecer o consumo e impedir a desaceleração do crescimento.
No mercado de commodities, isso significa garantir mercado consumidor. O Brasil, como grande exportador, tende a se beneficiar da entrada de investimento estrangeiro em empresas do segmento.
Apesar de ruídos no mercado, Costa, da B&T Câmbio, aponta que a saúde do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passou por uma segunda cirurgia no crânio, é apenas marginal. “A recuperação bem-sucedida ajuda a mitigar ruídos políticos que poderiam adicionar volatilidade. O foco dos investidores permanece mesmo nas questões estruturais e fiscais, que têm um peso maior na precificação do câmbio”.
Saldo parcial do dia: dólar à R$ 5,89.
Ato 2: Fazendo as contas
Passado os leilões feitos pelo BC, o alívio logo se esvaiu. O dólar engatou uma alta moderada, até encerrar a sessão com avanço de 0,9%, aos R$ 6,01.
“A volta do Real para níveis acima de R$ 6 apesar do aumento da Selic e os leilões do BC mostram que as medidas monetárias e intervenções pontuais no câmbio estão perdendo força ante a falta de progresso dos ajustes fiscais”, esclarece Álvaro Marangoni, Country Manager USA da Warren Investimentos.
Ou seja: aparentemente os esforços do Banco Central foram mais uma vez incapazes de segurar o ímpeto do mercado financeiro por propostas fiscais consideradas mais “consistentes” e “factíveis”, mesmo com a contratação de uma Selic terminal de 14,25% ao ano — a maior desde novembro de 2016, quando a taxa básica voltou a cair após mais de um ano no mesmo patamar.
Para Ruy Alves, sócio e gestor sênior de multimercados da Kinea Investimentos, o problema não está na atuação do Banco Central e sim na falta de sinalização positiva vinda do Executivo e do Legislativo.
“Existem 3 instituições que precisam de credibilidade: o Banco Central, o Congresso Nacional e o poder Executivo. Ontem o BC mostrou a sua credibilidade, mostrando que faz o necessário para jogar a inflação de volta para a meta”, explica Alves. “O mercado diz: poxa, eu entendi que o BC é crível, mas agora a conta de juros está muito alta. Governo, Congresso, o que vocês irão fazer?”
No Congresso, o pacote fiscal apresentado pelo governo segue em tramitação, com risco de ser desidratado e resultar em uma economia muito menor do que a necessária para o equilíbrio das contas públicas — e com muitos congressistas pedindo por emendas adicionais para que o projeto ande. Já do Executivo, não há sinal de que novas propostas serão apresentadas em breve.
Para Alves, essa sinalização acaba levando o mercado a fazer as contas. Com a Selic mais alta prometida pelo BC, a tendência é que a economia desacelere. Em um patamar de crescimento zero, o que deve acontecer é que a relação dívida/PIB se tornará ainda pior do que a projetada hoje. Todos os elementos remontam a crise de 2015, quando a situação da dívida pública jogou o país em uma crise de anos.
Ou seja: o mercado tende a ver o aperto monetário como um agravante para o cenário fiscal, o que explica o dólar em alta, a bolsa em forte queda e a curva de juros precificando juros ainda mais altos. “As pessoas estão olhando e dizendo: ‘olha, é a matemática’”, aponta o gestor.
A solução, aparentemente, não é simples. Segundo ele, o ajuste necessário para levar credibilidade novamente às contas públicas não é algo solucionado em apenas um ano e sim com reformas estruturais ao longo do tempo. “Até que um adulto entre na sala vai ser difícil”, aponta.
A falta de reação do dólar e dos demais ativos brasileiros para a nova atuação do Banco Central aquece a discussão sobre uma potencial dominância fiscal: quando apertos monetários, com juros cada vez mais altos, acabam encarando ainda mais a dívida pública, levando a um efeito nulo da atuação do BC.
Para o gestor da Kinea, se nada for feito no lado fiscal — pelo governo e Congresso — uma dominância fiscal não é improvável.
“Hoje você tendo que subir 3 pontos percentuais de juros e nenhum dos ativos responderem de forma coerente à surpresa contratada na curva indica que estão colocando uma probabilidade de ir nesta direção”, conclui.
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