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Por Que a Liga Mexicana Pode Ser a Próxima a Ver um “Boom” de Injeção de Dinheiro

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Em seus 75 anos de história, o Querétaro F.C. nunca conquistou um título na primeira divisão do futebol mexicano, tendo terminado em 12º lugar entre os 18 times da Liga MX neste ano. Porém, seis semanas após o fim da temporada, o clube, sediado em Querétaro — cerca de três horas a noroeste da Cidade do México — conquistou uma grande vitória.

Na quinta-feira, o time Querétaro F.C. foi vendido por Jorge Alberto Hank Inzunza, do Grupo Caliente — a maior empresa de apostas esportivas do México — a um grupo de investidores liderado por Marc Spiegel, fundador e sócio-gerente da firma de investimentos Innovatio Capital. O acordo avalia o clube em mais de US$ 120 milhões (R$ 667,2 milhões), segundo uma fonte com conhecimento dos termos informou à Forbes.

A Innovatio, que foi fundada há dois anos e está realizando seu primeiro aporte, não revelou outros investidores além do Grupo Fonseca — uma agência que combina assessoria de famosos com private equity —, mas indicou que o conglomerado inclui vários executivos experientes da área de esportes e entretenimento da América do Norte.

Spiegel, que começou a empresa de gestão de resíduos Rubicon e entrou no mundo esportivo ao lançar o coletivo NIL na Universidade de Louisville em 2022, será o presidente do Querétaro. “Analisamos mais de 200 investimentos diferentes ao redor do mundo, em vários continentes. Várias pessoas com quem conversei mencionaram o México, e ainda não tínhamos olhado para isso com atenção, mas, quando começamos a investigar, vimos o maior potencial de qualquer liga que já analisamos”, afirma o empresário.

O que está acontecendo na Liga MX?

O acordo pode ser seguido pela venda de outros três clubes da Liga MX, todos com expectativa de serem negociados por valores superiores ao do Querétaro.

Os times estão sendo comercializados para resolver um problema de participação cruzada dentro da Liga MX, onde quatro grupos mantinham participações em dois times rivais simultaneamente: Grupo Caliente (dono do Querétaro e do Tijuana), Grupo Orlegi (Atlas e Santos Laguna), Grupo Pachuca (León e Pachuca) e Grupo Salinas (Mazatlán e uma parte do Puebla). Eliminar esses conflitos de interesse ajudaria a atender às regras da FIFA, que proíbem que múltiplos clubes com o mesmo proprietário participem de competições interligadas.

No entanto, a principal motivação para as vendas está relacionada a um investimento que está sendo negociado com a Liga MX pela Apollo Global Management, empresa de private equity com sede em Nova York, que administra mais de US$ 700 bilhões (R$ 3,89 trilhões) em ativos.

Segundo o Sportico, em 2022, a Apollo propôs um investimento de US$ 1,25 bilhão (R$ 6,95 bilhões) na Liga MX em troca de 20% dos lucros com os direitos de mídia fora do México pelos próximos 50 anos. A Apollo chegou a um acordo com o presidente da Federação Mexicana de Futebol, Juan Carlos Rodríguez, em dezembro passado, com a participação prevista da divisão de investimentos da NFL e uma nova proposta de compartilhamento de receita, que, de acordo com relatos, se expandiu para incluir fontes como bilheteria.

A resistência de alguns times — supostamente incluindo o Querétaro — impediu que o tratado fosse colocado em votação na reunião dos proprietários da Liga MX em dezembro, e Rodríguez, que havia declarado que o acordo exigia aprovação unânime, renunciou ao cargo.

Vários veículos de imprensa sugeriram que o pacto havia fracassado, mas uma fonte da liga afirmou à Forbes que as negociações continuam com o substituto interino de Rodríguez, o presidente da Liga MX, Mikel Arriola. Um acordo revisado deve ser levado à votação na próxima reunião dos donos de clubes.

A Apollo se recusou a comentar a matéria. A Liga MX e a Federação Mexicana de Futebol não responderam aos pedidos de comentário.

Mudanças e novos investidores

A adoção de uma governança corporativa mais sólida — incluindo o fim da participação cruzada — é considerada um ponto central das negociações, levando clubes como o Querétaro a vender agora, em vez de esperar por uma exigência oficial e correr o risco de perder poder de barganha com o passar do tempo.

Outro objetivo da Apollo seria a reorganização dos direitos de mídia e dos patrocínios da Liga MX. Por exemplo, a La Liga espanhola reúne esses contratos sob uma entidade comercial, que vendeu uma participação à empresa de private equity CVC Capital Partners em 2021 — um acordo semelhante ao inicialmente proposto pela Apollo. A Major League Soccer também teve um pacto parecido com a Providence Equity, até 2017.

Esse modelo exigiria uma reestruturação dos direitos de transmissão no México. Diferentemente de outras ligas profissionais de ponta no futebol — e em praticamente todos os outros esportes —, a Liga MX não oferece um pacote nacional de direitos de mídia, permitindo que cada clube feche acordos diretamente com as emissoras.

Em parte, isso é um resquício de um sistema em que as redes de TV exerciam grande influência, chegando a controlar times, como no caso do Club América, desmembrado da Televisa em 2024, e de Mazatlán e Puebla que, por meio do Grupo Salinas, compartilham propriedade com a TV Azteca. “A situação é um cenário fragmentado, que não beneficia os torcedores, nem os clubes, nem a liga”, afirma Ed Malyon, sócio da Innovatio, à Forbes. “A centralização dos direitos de mídia seria um marco histórico.”

Considerando que os contratos de televisão foram o principal fator de crescimento da receita e da valorização dos clubes esportivos na última década — os acordos da NFL, que somam pelo menos US$ 125,5 bilhões (R$ 697,78 bilhões) em 11 anos, ou o contrato de US$ 76 bilhões (R$ 422,56 bilhões) da NBA pelo mesmo período —, um novo pacote de direitos de mídia poderia transformar os negócios da Liga MX.

O movimento seria oportuno, já que a MLS está presa a uma parceria amplamente criticada com a Apple TV, e muitas ligas europeias estão vendo seus contratos estagnar ou até recuar recentemente. Enquanto isso, a Fox Corporation comprou a Caliente TV, do México, e a Amazon anunciou uma parceria com a federação mexicana que inclui o aumento do número de jogos da Liga MX transmitidos no Prime Video — o que sugere que há interesse pelo conteúdo do grupo. “Gostamos mais dessa trajetória”, afirma Spiegel.

Um acordo com a Apollo também poderia oferecer aos investidores da Liga MX uma vantagem de longo prazo em relação à Europa, caso levasse à eliminação definitiva do sistema de acesso e rebaixamento, no qual o último colocado da temporada é rebaixado e substituído pelo campeão da segunda divisão.

Em 2020, a federação mexicana suspendeu o rebaixamento por seis temporadas, a fim de estabilizar a Liga MX durante a pandemia da Covid-19. Os clubes da segunda divisão, a Liga Expansión, estão em uma batalha judicial para restaurar a possibilidade de promoção, mas acredita-se que a Apollo tenha exigido o fim desse sistema como condição para o investimento. Isso reduziria os riscos para os donos dos clubes da primeira divisão.

Nesse cenário, a Liga MX começou a atrair novos interessados. Por exemplo, um grupo liderado por americanos e que inclui a atriz Eva Longoria comprou metade do Club Necaxa em 2021, e, um ano depois, uma nova venda de participação avaliou o clube em mais de US$ 200 milhões (R$ 1,11 bilhão), segundo o Sportico. Os donos do Wrexham AFC, Ryan Reynolds e Rob McElhenney, também investiram em 2024, e agora eles e Longoria estão produzindo uma série documental sobre o time para o canal FXX, com estreia marcada para o próximo mês.

Potencial de valorização

Os valores de mercado da Liga MX ainda ficam bem abaixo dos da MLS, cujos 29 times valem ao menos US$ 415 milhões (R$ 2,30 bilhões).

Porém, os clubes da Liga MX parecem ainda mais vantajosos quando se considera que, os valores das equipes da MLS em 2025 apresentam múltiplo médio de 9,3 vezes a receita; em comparação, o Querétaro está avaliado em cerca de 5 vezes a receita estimada para 2024-25, e as próximas vendas devem ocorrer com múltiplos entre 6x e 7x, segundo uma fonte da Forbes com conhecimento do negócio.

A Liga MX tem outros aspectos positivos em relação à MLS. Para começar, é indiscutivelmente o principal grupo esportivo de seu mercado interno — apaixonado por futebol — e, mesmo nos EUA, atrai mais audiência na TV do que a MLS, apesar do cenário caótico dos direitos de mídia. E, enquanto a Forbes estima que 16 clubes da MLS tiveram prejuízo na temporada passada, acredita-se que a maioria dos times da Liga MX tenha fluxo de caixa positivo. “É um bom produto, com custos menores. Começa pela infraestrutura, dá para construir um estádio de última geração, para 25 mil pessoas, no México, por menos de US$ 50 milhões (R$ 278 milhões). Isso seria impossível nos EUA”, diz Adrian Madero, vice-presidente sênior do Grupo Fonseca.

O grupo liderado por Spiegel também vê com otimismo o futuro do Querétaro, que joga em uma região metropolitana em rápida expansão, com 1,5 milhão de habitantes e que vem se consolidando como um polo de manufatura e de centros de dados. Apesar de rumores sugerindo que a venda poderia resultar na mudança do time para outra cidade, Malyon garante que essa hipótese nunca foi cogitada pelos novos proprietários.

“Se você observar o que está acontecendo naquela cidade e naquele estado, em termos de desenvolvimento econômico, qualidade de vida e crescimento populacional, eu comparo com o que aconteceu em Austin, no Texas”, diz Spiegel. “Ao olhar para a quantidade de empresas internacionais com presença lá, vemos oportunidades de parcerias.”

Malyon acredita que o modelo de dados do grupo — que analisa cada drible, passe e finalização em uma partida — pode melhorar a avaliação e o desenvolvimento de jogadores, o que, por sua vez, aumentaria a venda de ingressos. Enquanto isso, Madero vê oportunidades de crescimento imediato com patrocínios e licenciamento do Querétaro. “É uma chance única, porque estamos investindo na Liga MX em um momento decisivo, com a governança corporativa correta, a mentalidade adequada e a forma certa de fazer negócios”, afirma Madero.

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