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Por Que as Stablecoins Não Devem Transformar o Mercado de Pagamentos Americano

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O barulho em torno das stablecoins chegou a um volume ensurdecedor, mas quem espera uma revolução impulsionada pelas criptomoedas na forma como os americanos pagam por produtos do dia a dia pode se decepcionar.

A emissora de stablecoins Circle, com sede em Nova York, abriu capital no mês passado e agora tem valor de mercado de US$ 40 bilhões (R$ 216,4 bilhões), quase 500% a mais do que a própria empresa estimava valer há um mês. Comunicados de imprensa focados em stablecoins estão surgindo aos montes: a gigante de pagamentos Fiserv, que movimenta US$ 95 bilhões (R$ 513,9 bilhões), anunciou que vai lançar seu próprio token lastreado em dólar, enquanto a Stripe revelou uma parceria que permitirá aos consumidores pagarem lojistas da Shopify com stablecoins.

Já a Amazon e o Walmart também estudam emitir suas próprias moedas digitais atreladas ao dólar — notícia que fez as ações da Visa caírem 5%. Analistas chegam a apontar as stablecoins como uma possível solução para as dívidas do governo dos Estados Unidos, já que elas são em grande parte lastreadas em títulos do Tesouro americano e ajudam a aumentar a demanda por esses papéis.

Diante desse hype, pode parecer que as stablecoins estão prestes a transformar os meios de pagamento convencionais em todos os lugares. Mas isso é bastante improvável. Quando se trata de pagamentos de fato, os consumidores em economias desenvolvidas, como os EUA, não têm incentivos para adotá-las em grande escala — e não está claro se essas vantagens vão surgir algum dia. Além disso, os pagamentos com stablecoins dentro do país não parecem ser significativamente mais baratos de processar do que o atual sistema baseado em cartões.

Pagamentos internacionais com stablecoins

Os casos de uso mais convincentes para as stablecoins envolvem pagamentos internacionais. Matt Streisfeld, sócio da empresa americana de capital de risco Oak HC/FT afirma que os tokens digitais terão seu maior impacto ao substituir o sistema de bancos correspondentes. Esse é o mecanismo global usado para movimentar dezenas de trilhões de dólares todos os anos, no qual os fundos precisam passar por vários bancos antes de chegar ao destino final.

Suponha que uma empresa americana sediada em Ohio queira pagar um fornecedor de peças na Croácia. Antes de chegar à Croácia, o dinheiro pode ter que ir de Ohio para um banco em Nova York e, depois, para um em Londres — porque não há um sistema de pagamento direto entre o estado americano e o país da Península Balcânica. “Cada banco cobra uma taxa ao longo do caminho”, explica Ken Suchoski, analista da Autonomous Research que acompanha a Circle. “Demora mais tempo e não há transparência.”

As stablecoins podem melhorar esse problema com facilidade, já que são liquidadas em poucos minutos e custam muito menos para serem processadas do que as taxas de 4% a 6% que costumam ser aplicadas em pagamentos internacionais, segundo Suchoski. A empresa de análise de dados Artemis estima que sejam feitos US$ 80 bilhões (R$ 432,8 bilhões) em pagamentos usando stablecoins não relacionados a negociações anualmente, a maior parte originada em países fora dos EUA, e cerca de metade realizada no B2B.

As stablecoins também estão ganhando popularidade entre consumidores de mercados emergentes da América Latina e da África, onde a demanda por dólares americanos é alta. Segundo a empresa de análise Chainalysis, na Argentina, onde a inflação ultrapassa 40%, elas representam 62% de todas as transações com criptomoedas, o que dá ao país a maior participação proporcional de stablecoins em pagamentos cripto no mundo.

Além de aceitar pagamentos com stablecoins, a Stripe também tenta facilitar o acesso dos consumidores a esses ativos. A empresa viabiliza um recurso da Remote.com que permite às empresas pagar freelancers usando esse tipo de criptomoeda, em vez da moeda local.

Atualmente, os maiores emissores de stablecoins — Tether (USDT) e Circle (USDC, ou código de negociação CRCL) — não oferecem pagamentos de juros aos detentores desses ativos. Isso pode mudar. Esses tokens atrelados ao dólar podem se tornar concorrentes baseados em cripto dos fundos de mercado monetário, atraindo investidores e especuladores. Já existem alguns emissores de stablecoins mais arriscados oferecendo rendimentos de até 4%. No passado, a especulação com essas moedas não regulamentadas resultou em desastre. O colapso da stablecoin TerraUSD em 2022 provocou uma queda devastadora que eliminou dezenas de bilhões em valor de mercado.

Mudança no mercado

Ainda assim, quando se trata de pagamentos do dia a dia em economias desenvolvidas, como EUA e Reino Unido, “há pouco incentivo para que os consumidores mudem”, afirma o analista Ken Suchoski. Os cartões são extremamente práticos e oferecem recompensas generosas. A inércia é uma força poderosa no setor de serviços financeiros para o varejo. Streisfeld acredita que seria necessária uma mudança muito grande no comportamento dos consumidores para afastá-los dos hábitos atuais. Brian Dammeir, diretor de pagamentos e gestão financeira da fintech Plaid, compartilha dessa opinião. Para ele, é “improvável que as stablecoins sejam usadas diretamente pelos consumidores tão cedo”.

Dos US$ 80 bilhões (R$ 432,8 bilhões) estimados em pagamentos com stablecoins fora do mercado de negociações por ano, o cientista de dados da Artemis, Andrew Van Aken, acredita que cerca de 10% correspondem a pagamentos do dia a dia feitos por consumidores, e, dentro dessa parcela, menos de 10% têm origem nos Estados Unidos.

As varejistas americanas, por sua vez, receberiam de braços abertos grandes mudanças no atual modelo de pagamentos, já que odeiam pagar as taxas de intercâmbio de 2% a 3% cobradas para aceitar cartões. No entanto, os pagamentos domésticos com stablecoins não parecem ser muito mais baratos de processar do que os feitos com cartão. A Stripe cobra apenas 1,5% em pagamentos com stablecoins, contra 2,9% com cartões —, mas esses 1,5% não cobrem recursos importantes de proteção ao consumidor, como estornos e prevenção a fraudes. Sem contar que há a possibilidade de a Stripe estar cobrando pouco inicialmente para conquistar participação de mercado, podendo aumentar os preços no futuro.

Stablecoins ganham espaço, mas avanço será gradual

Streisfeld acredita que a diferença de custo entre processar um pagamento com cartão e um com stablecoin nos EUA é “neutra no fim das contas”. Isso deixa pouco espaço para que as varejistas ofereçam recompensas mais atrativas aos consumidores como forma de incentivar o uso das stablecoins.

Neetika Bansal, executiva da Stripe, responsável pelas áreas de movimentação de dinheiro e criptoativos da empresa, afirma que os pagamentos internacionais são, até agora, o caso de uso mais claro para as stablecoins. Ela até acredita que esses ativos se tornarão “cada vez mais populares” em pagamentos do dia a dia em economias desenvolvidas, como os EUA, mas ressalta que ainda é cedo para saber até onde vai essa adoção. “A tendência está apenas na linha de partida.”

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