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Por Que o Futebol Brasileiro, e Não o Saudita, Deveria Inspirar o dos Estados Unidos?

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A reviravolta da Copa do Mundo de Clubes da FIFA 2025 aconteceu na noite de terça-feira (01), em Orlando, na Flórida, quando o Al-Hilal, da Arábia Saudita, conquistou uma surpreendente vitória por 4 a 3 sobre o poderoso Manchester City, da Inglaterra.

Como o Al-Hilal vem de uma liga que pode ser considerada emergente — a Liga Saudita, com cerca de 50 anos — o resultado gerou todo tipo de questionamento sobre por que um time da Major League Soccer (MLS), com 30 anos de existência, não consegue alcançar algo parecido. Além disso, surgiram também os apelos de sempre para eliminar as atuais restrições salariais e de elenco da liga americana.

É verdade que nem mesmo o Inter Miami de Lionel Messi, cuja folha salarial de US$ 46,8 milhões (R$ 253,23 milhões) é a maior da MLS, chega perto da profundidade do elenco do Al-Hilal, que custa quase quatro vezes mais. Também é verdade que os Herons foram completamente dominados na última partida da competição, uma derrota por 4 a 0 diante do Paris Saint-Germain — e só não foi pior porque o PSG tirou o pé no segundo tempo.

Mas seguir o modelo da Liga Saudita seria um desastre financeiro para a MLS — e também não entregaria aos torcedores americanos o tipo de futebol que eles desejam. Seria muito mais interessante mirar em outro exemplo de sucesso recente no Mundial de Clubes: a Série A do Brasil, que colocou Palmeiras e Fluminense entre os oito melhores.

Liga desequilibrada e insustentável

Apesar de toda a onda de estrelas indo para a Arábia Saudita, a liga do país continua sendo dominada por poucos clubes, o que impede o crescimento em larga escala — algo essencial em um país como os Estados Unidos, com grande extensão territorial e população descentralizada.

Em 50 temporadas desde o início, o Al-Hilal conquistou 19 títulos e foi vice-campeão 16 vezes. Três dos quatro clubes mais vitoriosos estão localizados em Riade e somam, juntos, 34 campeonatos. Times de Jeddah venceram 13. Em meio século, apenas sete clubes de quatro cidades diferentes conquistaram o título nacional.

É justo criticar os donos de clubes da MLS por não investirem mais da receita da liga em salários de jogadores. Atualmente, a organização está bem abaixo do limite de 50% de folha salarial que serve como referência em outras ligas como NFL, NBA e NHL.

No entanto, o investimento nos elencos sauditas não tem nenhuma relação com a receita gerada pelos clubes. Ele é diretamente sustentado pelo governo local, com o objetivo de melhorar a imagem do país no cenário internacional por meio do esporte.

O Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita assumiu o controle acionário dos quatro maiores clubes da liga em 2023, desequilibrando ainda mais a competição a favor dos gigantes. Isso foi intencional, já que o maior retorno para os investimentos sauditas está nas competições internacionais. E a melhor forma de garantir boas campanhas fora do país é concentrar todos os recursos em um pequeno grupo de clubes de elite.

É possível ver isso com clareza ao analisar os valores de mercado dos elencos dos times sauditas, segundo o site Transfermarkt. Quase 75% do valor total está concentrado em cinco clubes: Al-Hilal, Al-Nassr, Al-Ahly, Al-Ittihad e Al-Qadsiah.

Esse aspecto não faz sentido para as características socioeconômicas e esportivas dos Estados Unidos. O país tem dezenas de cidades com capacidade de manter times de primeira divisão. E, embora existam diferenças entre grandes e pequenos mercados nas ligas esportivas americanas, há um consenso de que todos os clubes devem ter chances reais de conquistar títulos, desde que sejam bem administrados.

País do futebol

Entre as nações de destaque no futebol, o Brasil é, sem dúvida, o país com as características mais parecidas com as dos Estados Unidos.

Em termos de território, o país é o terceiro maior do Hemisfério Ocidental, atrás apenas dos EUA e do Canadá. Em população, ocupa a segunda posição, com quase 218 milhões de habitantes (segundo estimativas de 2023), abaixo apenas dos próprios Estados Unidos.

Devido à sua grande extensão e à população distribuída de forma descentralizada, a história do futebol brasileiro começa nos campeonatos estaduais — e não no Brasileirão como conhecemos hoje. Isso lembra bastante o sistema de conferências do esporte universitário americano, bem como os formatos de divisão adotados por NFL, NBA e NHL.

Mesmo com mudanças no formato ao longo dos anos, 17 clubes diferentes já conquistaram o principal título nacional desde 1959, representando sete estados distintos. Sim, há um certo favorecimento para Rio de Janeiro e São Paulo, mas nada muito diferente do que acontece com New York Yankees e Los Angeles Dodgers na Major League Baseball.

A diferença entre os elencos mais caros e os mais baratos da Série A é maior que na MLS, mas ainda assim é bem menor do que na Liga Saudita. Segundo dados do Transfermarkt, 12 dos 20 clubes da Série A têm elencos avaliados acima de US$ 100 milhões (R$ 541 milhões), valor superior ao de qualquer time da MLS. Apenas dois têm preços inferiores ao elenco mais barato da MLS atualmente, o Toronto FC.

Como a MLS pode chegar lá

Se a Major League Soccer quiser se inspirar na elite do futebol brasileiro, não poderá seguir o mesmo caminho. Grande parte da força da Série A se baseia na enorme abundância de talentos locais, em um país onde o futebol não é apenas um esporte, mas parte da identidade nacional. Mesmo com o grande número de crianças americanas jogando futebol, é difícil competir com esse tipo de paixão.

É esse amor pelo jogo que leva tantos garotos brasileiros a crescerem jogando nas ruas, becos e praças, antes mesmo de entrarem para clubes ou academias — de forma parecida com os jovens americanos que se formam no basquete jogando em quadras de bairro. Essa vivência é o que transforma jogadores talentosos em craques de nível mundial, quando somada ao treinamento técnico das academias.

Mas a MLS também tem enormes vantagens: o valor dos seus clubes e a riqueza de seus proprietários. Se bem direcionados, esses recursos podem criar estruturas para o desenvolvimento de jogadores americanos que rivalizem com qualquer centro de treinamento do mundo. Combinando isso a salários mais altos para atletas domésticos de nível intermediário, seria possível formar uma base de talentos competitiva com algum país do Hemisfério Ocidental.

A MLS também poderia se espelhar na Major League Baseball e investir em talentos do Caribe, que é uma região com enorme potencial, mas pouca infraestrutura para o futebol. Países como Jamaica e Trinidad e Tobago estão cada vez mais dependentes de jogadores nascidos no exterior para formar suas seleções nacionais. Mas a região pode se tornar terreno fértil para iniciativas semelhantes à Dominican Summer League da MLB.

Além disso, embora os clubes brasileiros normalmente não contratem muitos jogadores europeus, têm dominado o mercado de talentos sul-americanos. A Série A se tornou destino preferido inclusive para atletas da Argentina, Uruguai e Colômbia — países com suas próprias tradições futebolísticas.

Houve um tempo em que a MLS era o principal destino para talentos da América Central e do Caribe. Mas essa tendência perdeu força nos últimos anos, e a liga nunca conseguiu atrair muitos jogadores mexicanos, que recebem propostas mais vantajosas de clubes da Liga MX. Isso, em algum momento, vai precisar mudar.

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