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Relatório da polícia afirma que o Comando Vermelho está em franca expansão pelo território nacional


Os documentos usados para embasar a ação da polícia descrevem, com detalhes, a violência rotineira do Comando Vermelho nos conjuntos de comunidades da Penha e do Alemão.
O inquérito e a denúncia que sustentaram a operação afirmam que os complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, são regiões estratégicas para a expansão do Comando Vermelho. Segundo o MP, o local é próximo a vias expressas, de fácil escoamento de drogas e armamentos.
Ao longo das mais de mil páginas da denúncia e do relatório da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Civil, os investigadores explicam como a facção transformou essas áreas em uma base de onde saem as principais ordens para diversos crimes, como roubo a pedestres, roubo de cargas e de veículos. Os carros roubados são, muitas vezes, revendidos – como se fosse uma concessionária do tráfico. Os bandidos chegam a fazer vídeos dos veículos para futuros compradores.
De acordo com a decisão da Justiça, nesses grupos, os chefes emitiam ordens de caráter geral sobre a venda de drogas, determinavam escalas de plantões nas “bocas de fumo”, nos pontos de monitoramento e de contenção. A decisão cita também que os traficantes agiam próximo a escolas com o uso de armas de fogo e envolvendo menores de idade.
As investigações mostram que os valores arrecadados com os crimes ajudam a financiar a compra de fuzis e munição para a facção. Os armamentos também são usados nas invasões a outras favelas do Rio.
Armas apreendidas pela polícia confirmam expansão do Comando Vermelho pelo território nacional
Jornal Nacional/ Reprodução
O relatório da polícia afirma que o Comando Vermelho está em franca expansão por diversos territórios. Para tanto, precisa gerar muito mais dinheiro do que o necessário do que seria a rotina no tráfico de drogas.
Noventa e quatro pessoas foram investigadas. São duas denúncias: uma delas apurou a conduta de bandidos do Rio, a outra trata de 30 traficantes de outros estados. A polícia divulgou a prisão de 113 pessoas, mas nem todos os nomes foram revelados. A reportagem do Jornal Nacional conseguiu identificar 60 presos. Entre eles, três tinham mandado de prisão decorrente destas investigações. Os demais foram presos em flagrante.
Entre os presos está Nikolas Soares. Ele é acusado de ser operador financeiro da cúpula e segurança pessoal de Edgar Alves de Andrade, o Doca, chefe do Complexo da Penha. Outro é Thiago do Nascimento Mendes, o Belão. Segundo a polícia, o bandido tem uma condenação por homicídio, além de registros por sequestros, roubo, tráfico, entre outros crimes.
Na quarta-feira (29), Antônio José Campos Moreira, procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Rio, falou sobre a ação da polícia:
“É bom que haja confronto? Evidentemente que não é. Agora, o Estado não vai, simplesmente, se omitir. A omissão do Estado apenas vai agravar o problema. Eu não estou dizendo que a operação seja, digamos, o remédio ou a única providência. Mas dentro do contexto, essas operações são e serão necessárias. É inevitável”.
Vinte e dois presos na operação são de outros estados: 14 da Bahia, quatro do Pará, três de Pernambuco e um do Espírito Santo. Os bandidos de outros estados têm funções específicas e remuneradas na quadrilha. Chegam a receber R$ 400 por semana no crime.
Segundo as investigações, essa migração começou há menos de dez anos e se intensificou nos últimos cinco. Eles trazem táticas de assalto a joalherias, roubos a bancos e explosões de caixas eletrônicos – como um em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Na Penha, eles são responsáveis por patrulhar a Serra da Misericórdia, onde aconteceram os principais confrontos e rota de fuga dos chefes.
Os documentos mostram que a casa do traficante Doca é vigiada por traficantes armados de fuzis. Proteção e controle. Os investigadores afirmam que nada acontece sem a autorização do traficante Doca. Como nessa mensagem interceptada com autorização judicial:
“Ninguém dá tiro sem ordem do Doca”.
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